(Foto: Divulgação)

“A união de agentes formadores com a amplitude do espaço digital pode fomentar o surgimento de debates novos, ideias novas, comportamentos, práticas e até revoluções” 

Leone de Araújo Rocha é o 133º convidado na série de entrevistas “Opinando e Transformando”. Objetivo é formar um mosaico com o que cada um pensa desse universo multifacetado. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura. 

> Nome: Leone de Araújo Rocha
> Breve biografia: Natural de Macapá (Amapá). Nasceu em 1982. É pai da Elise, menina linda de 5 anos e portadora de autismo. Casado há oito anos com a antropóloga Milleny Chaves.
(Clique aqui para saber mais sobre o pesquisador e conhecer a coluna “Vida e Sociedade”)

Confira a entrevista com Leone de Araújo Rocha 

> Em sua opinião, o que é cultura de paz? 

São hábitos, costumes e instituições herdadas socialmente com o interesse de administrar as relações entre os sujeitos em uma sociedade civil organizada. Esses elementos são constantemente revisados com vistas a manter ou mudar as práticas atuais para melhor administrar essas relações. 

> Como podemos difundir de forma coerente a paz neste vasto campo de transformação mental, intelectual e filosófica? 

Praticando as mudanças que propomos, o que nas Ciências Sociais chama-se Práxis. 

> Como você descreve a cultura de paz e sua influência ao longo da formação da sociedade brasileira/humanidade? 

A cultura de paz ganhou relevância principalmente após as duas primeiras guerras mundiais com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, pela Organização das Nações Unidas. Desse marco em diante, a humanidade tem realizado grandes esforços pela garantia dos direitos fundamentais, pelo fim da discriminação racial, do machismo, da intolerância de um modo geral. No Brasil, o movimento Diretas Já! no final da década de 1980, foi fundamental para o restabelecimento da democracia no país, pondo fim ao autoritarismo do regime militar. Atualmente, o movimento Anistia Nunca Mais, que conta com um manifesto que já possui mais de 90 mil assinaturas, busca deixar bem claro o terror que ocorreu durante aquele regime, num gesto que busca construir formas de evitar que o autoritarismo retorne ao poder. 

> A cultura e a educação libertam ou aprisionam os indivíduos? 

Essa pergunta é antiga e não tem resposta simples. Basicamente, a educação é um instrumento. Depende de quem usa. A ciência do século XIX foi a principal responsável pela disseminação da ideologia racista. A educação que está a serviço da construção de sujeitos apenas para compor a força produtiva não liberta, mas sim enclausura. Como diria Paulo Freire, é necessária uma Pedagogia com Autonomia. 

> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância na difusão do despertar da humanidade. 

O espaço digital promove a ampliação do acesso à informação. É um espaço em disputa. Assim como tenho acesso a conteúdos relevantes, também chegam nas minhas telas as tais fake news. Nesse sentido, o papel do humanista, do especialista, das pessoas compromissadas com a melhoria da sociedade, ganha outro contorno. A necessidade desse profissional enquanto formador de conteúdo e agente disputando espaço na rede em meio às fake news torna-se um diferencial para equilibrar com agentes orientados apenas por interesses particulares. A união de agentes formadores com a amplitude do espaço digital pode fomentar o surgimento de debates novos, ideias novas, comportamentos, práticas e até revoluções, como foi o caso da Primavera Árabe, em 17 de dezembro de 2010. 

> Qual mensagem você deixa para a humanidade? 

Sonho com uma humanidade onde as pessoas coloquem o bem comum acima de seus interesses particulares. 

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