“Na boleia de um caminhão eu e os meus amigos baianos viajamos dias e dias para chegar à terra que prometia fartura. Quando avistamos de longe a terra pretendida, a esperança nasceu dentro de nós”.

Em meados dos anos 1920, inicia a formação histórica do povoado de Uruana, movimento ocorrido com a migração de várias famílias rumo a Goiás. Em 1920, o Sr. José Alves Toledo, sua esposa, Sr. ª Ambrosina Moreira Conceição, oitos filhos, Amado, Amaro, Amadeu, Amador, Luzia, Lico, Maria e Oscar, deixaram a terra natal, Patrocínio - MG. O objetivo era fixar residência no município de Anápolis, Goiás. No ano de 1924, ele comprou uma gleba de terras nas adjacências do município de Jaraguá, região em desbravamento. A sua fazenda era uma das melhores dali. Observando as possibilidades daquele local, o Sr. José Alves Toledo toma a iniciativa de construir estradas. Preocupado em educar os filhos, solicitou ao governo a construção de escola. O pedido foi negado, tendo o governador da época utilizado o argumento de que o Estado só poderia manter uma escola nos povoados, vilas e cidades.

Insatisfeito com a resposta negativa e decidido a concretizar seu ideal, ter uma escola na região, e, devido a prole numerosa, deslocou-se para as margens do Rio Uru. Ele morava em fazenda localizada às margens do Rio Sucuri, local de acesso difícil e penoso, fundando próximo ao Uru, o povoado Capela de São Sebastião, em 1937. Ali iniciou imediatamente a construção da escola. A primeira sala de aula acabou sendo instalada no primeiro rancho ali construído, que servia de abrigo à família do fundador, por longo tempo. O primeiro professor era tenente aposentado do Exército.

Relata Maria Gilsa Pessoa Pereira, pioneira na Educação, que o Sr. Toledo tinha preocupação relacionada à água, construindo a cidade localizada entre três afluentes, Rio Uru, Córrego Laginha e Córrego Leão. Dona Ana Toledo afirma: “Vendo que, para suprir suas necessidades, os moradores da pequena comunidade tinham que recorrer às cidades vizinhas de Goiás, Itaberaí e Jaraguá, surgiu a ideia de fundar ali uma cidade”. (Toledo, 2003, p. 6)

Em 1937, o local, hoje Uruana, era simples fazenda com uma casa apenas e ordinaríssima. Uruana sintetiza em sua evolução a história de Goiás, nestas últimas décadas, quando a avalanche humana invadiu o coração do Brasil. Se nesta interiorização vieram muitos elementos indesejáveis, veículos de erros e vícios, porém, grande parcela trouxe o bem e o progresso pelo trabalho.

A construção da história está entrelaçada com a estruturação da memória. A identidade, cultura e história são conceitos que caminham na mesma via. Para compreender uma sociedade carece conhecer a identidade daquele povo, a cultura que permeia o grupo de indivíduos.