
(Fotos: Arquivo)
O Senhor Diógenes de Castro Ribeiro
com Dona Isaura nos Anos 1940
O olhar tem o poder de transformação.
Entre histórias e memórias, a realidade de um povo que cultiva a terra, valorizando suas origens, dando voz à cultura, ao folclore, à natureza, incluindo as possibilidades do viver bem em coletividade.
Identidade construída com autenticidade, por mãos que colhem, benzem, plantam, acolhem, pintam, escrevem, semeiam. É gente simples, são homens e mulheres que carregam no rosto a voz das lavouras, o silêncio dos brejos, o grito dos riachos, o canto da inhuma, os causos das matas e montanhas, a folia das estradas vazias, os ecos dos carros de boi, os bailes dos pardais em euforia.
O Rio Uru em 1942
O passado é presente e o presente é o pulso do futuro que inspira e vivencia os ideais de um mundo melhor.
A cada esquina um relato, vários narradores, uma única história, a Casa da Dona Esmeralda, conta e monumentaliza várias histórias.
Inúmeras falas, uma única narrativa, a história de Uruana. Quantos tentaram codificar os vários contos dessa narrativa histórica. Ana, Maria, Joana, Antônio, José, João. Sujeitos históricos que pegaram na roda de fia e na enxada para rotear o solo, tornando expectativas em realidade.
Vários irmãos morreram em prol da comunidade. Ah! Se estas árvores falassem, se estes córregos narrassem, se estas estradas cantassem. Todos saberiam que além das várias histórias fictícias, existe a História.
O Ônibus do Senhor Zeferino
em meados dos anos 1950
O trabalho de construção da história está entrelaçado com a representação e hermenêutica, visando a forma do olhar analítico e empírico das fontes, não considerando a memória trabalhada como arma, pois pode-se encontrar problemáticas relacionadas com a memória seletiva a qual é influenciada pelo meio, além da subjetividade dos narradores. Portanto, o passado nunca pode ser repensado ou refutado tal como aconteceu.
Construção da Igreja Matriz em 1952
A história é uma rede de conexões que conectam os homens ao longo dos séculos. O antropólogo Roque Laraia (2001) introduz a ideia de que a natureza de todos os homens é idêntica e a cultura praticada por eles é o que os separa, tornando estranhos uns aos outros. Investigando a História de Uruana, as possibilidades que a esta apresenta no seu arcabouço enquanto ferramenta de construção e reconstrução do passado. A Cultura, Identidade e Memória retratadas no meio, no passado, na língua, no conhecimento, na religiosidade, ideias, artefatos, costumes, momentos, leis, crenças, valores fundamentais no regaste e materialização da Memória enquanto História de um lugar, indivíduo, cidade, de toda uma Nação.
“Peço aos jovens valorizar a nossa cidade nos quesitos material e intelectual. Que possam trabalhar de forma honesta, com dignidade e caráter, procurando sempre servir em prol do progresso de Uruana”. (Esmeralda Maia de Castro)
A Memória é fruto do olhar que codifica o passado, dá sentido ao presente, impulsiona os ideais rumo ao futuro a porvir. As fontes não falam por si, sendo de suma importância o rigor e atenção que damos aos detalhes que podem profundamente mudar o rumo da história. Precisamos ver os diversos ângulos de uma única história. Fomentar o discurso da multiplicidade que engendra a Identidade Histórica de um povo.
A Praça da Matriz em 1980