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Conflitos Sociais

Dhiogo José Caetano

dhiogocaetano@hotmail.com

A História dos Uruanenses

Uruana: recursos naturais e econômicos do município

É da arte consciente de cultivar a terra que a vida segue processos evolutivos

Pelo Brasil  –  06/10/2025 11:41

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(Fotos: Arquivo)

O Rio Uru em vista parcial aérea em 2021

 

“Os jovens devem saber aproveitar a vida, viver de forma consciente. Respeitar os limites e valorizar o existir”. (Maria de Fátima Silva)

Proteger para desfrutar

O meio ambiente vivencia diversas problemáticas e conflitos na Era Moderna, é necessário a consciência como elemento de transformação da sociedade. Urge redescobrir o Planeta, preservar e reestruturar os ecossistemas. Nunca antes se fez tão necessário a Educação Ambiental, pois a Terra depende de nós, a humanidade depende dela. É imperioso que os homens despertem o desejo de um Mundo melhor. A paz deve ser o lema da sobrevivência. Há que todos os homens difundir a mensagem de esperança. Carece semear a palavra, o amor, a liberdade através das redes sociais, jornais e revistas. A revolução do bem será desencadeada, promovendo a transformação no espaço onde a coletividade vive. É imprescindível viver o hoje, o agora, o instante. A vida não é breve, mas tem o seu fim. Comecemos a reescrever um novo recomeço.

O clima é quente e seco, máxima de 39 °C, média de 27 °C e mínima de 14 °C, com variações causadas por mudanças drásticas no ambiente do Planeta Terra, devido a interferência negativa dos homens no curso natural da vida. Uruana está localizada na mesorregião do Centro goiano, sendo banhada pelo Rio Uru, que pertence à Bacia do Rio Tocantins, Bacia Tocantins - Araguaia, localizada na Região Centro-Norte brasileira. Essa bacia se estende pelos seguintes Estados do Brasil: Tocantins; Goiás; Mato Grosso; Pará; Maranhão e Distrito Federal, sendo composta pelos seus principais afluentes, o Rio Tocantins e o Rio Araguaia, e participa da extensa Bacia Amazônica. Os rios que desaguam no município são de águas médias, não oferecendo condições para navegação fluvial, pois trata-se de rios de regiões de planaltos, sendo encachoeirados e bastante corrediços.

O Rio Uru, no período da seca, fica entre um até um metro e meio de profundidade nas áreas que são utilizadas pelos banhistas. Na cheia, pode atingir entre três a oito metros de profundidade.  Percorrendo extensa parte dos munícipios de Itapuranga e Carmo do Rio Verde. Seus afluentes no município os córregos Lages, divisor do município de Heitoraí, que no seu curso serve de limites com o município de Itaguaru, e os córregos Água Branca, Barro Alto, Laginha, Leão, Divisa, Pureza, dentre outros. O Rio das Almas recebe no município o Rio Sucuri e inúmeros córregos, destacando o Córrego Engenho Velho, sendo o divisor do município de Uruana com os municípios de Rianápolis e Jaraguá. O Rio Sucuri, que desagua no Rio das Almas, tem como afluentes os córregos Peri, Escorredor, Areias, Quebra-Panela, Quilombo, Vertente, dentre outros.

Durante o período de chuvas no município é possível visualizar extensas áreas de água cercadas por terra, formando lagoas temporárias nas partes baixas, ao longo dos rios. As lagoas permanentes destacam-se próximas ao Córrego Grajaó e Rio Uru na Fazenda Pedreira de Santo Antônio, e encontram-se também lagoas artificiais, construídas pela ação do homem.

O solo uruanense é rico em potássio, classificando em Latossolo vermelho e Latossolo amarelo, apresentando dentro dessas classes, solos férteis, também de baixa fertilidade. Um solo com vegetação caracterizada por Cerrado com textura de argilo-arenososolo, apresentando baixo teor de matéria orgânica, que necessita correção de acidez, expondo deficiência em minerais, tais como fósforo, cálcio e magnésio.

A área do município de Uruana é plana e alta. Entre o município de Itaguaru e o Distrito de Uruíta, encontra-se ramificações da Serra do Catingueiro. O ponto culminante do município é o Morro do Braz (Morro das Antenas).

A vegetação do município é complexa, farta e variada; típica do Cerrado com galhos retorcidos, folhas grossas, a maioria das árvores é de médio porte, sendo que grande parte dessas árvores perde todas ou quase todas as folhas no inverno, devido à estiagem e calor intenso dos meses de agosto, setembro e outubro, fase essa denominada dormência, quando as árvores descansam enquanto as chuvas não chegam.  Os Ipês são os que predominam na seca do Cerrado por entre vales e serras, criando contraste entre a vegetação dormente seca e o colorido dos Ipês. Apesar de o solo ser ácido, a produtividade é alta, devido às adições de neutralizadores e agrotóxicos.

Nas zonas de campos limpos as margens dos rios e córregos estão cobertas de gramíneas e leguminosas, alimento farto para os animais da região. Nas zonas de Cerrado, encontra-se a vegetação característica do Cerrado. A vegetação, ao longo dos anos, foi desmatada, porém, a natureza resiste, as matas são do tipo tropical, sob forma de mata galeria, seguindo o curso do rio e córregos. Uma beleza natural, onde se pode destacar as espécies aroeira, angico, bálsamo, tamboril, vinhático, jatobá, jacarandá, baru, cedro, copaíba, angico, ipê, jequitibá, cajueiro, paineira, pau terra, pimenta de macaco, araticum, araçá-do-mato, ingazeiro, pequizeiro e orquidáceas. 

Recursos naturais e o fluxo da vida

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Os trabalhadores em meados dos anos 1950

De acordo com Pedro Henrique de Lima, no III Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente, destacou-se a  “gravidade da questão ambiental, precisam-se considerar todos os aspectos que norteiam os múltiplos usos desse recurso natural tão importante, ignorando um discurso teórico, mediado por leis e partindo para um processo de conscientização não apenas entre os profissionais e representantes ambientais, os quais são responsáveis por efetivar medidas, mas de toda população, no que se refere às retiradas de água dos mananciais” (LIMA, 2012, p. 7).

É necessário o olhar consciente para as matas e rios, implantar uma consciência ecológica de preservação do meio ambiente do município de Uruana. Proteger as reservas de florestas na Pedreira Santo Antônio, Peri, Uruíta. Rever o uso de agrotóxico na área e solo o qual tem dizimado a vida de rios, córregos, matas, animais. Diante de inúmeros conflitos a vida resiste e persiste, renovando fauna e flora. No município de Uruana encontramos uma variedade de animais, destacando o anu, veado, bem-te-vi, tatu, joão-de-barro, cachorro do mato, sabiá, capivara, pica-pau, cotia, periquito, lobo, papagaio, macaco, pássaro preto, ouriço-cacheiro, beija-flor, tamanduá-bandeira, canário, jaguatirica, onça, quati, teiú, camaleão, cágado, abelhas entre outras tantas espécies.

Do Cerrado o abrolhar do Centro-Oeste goiano - berço da vida; da água a sincronia da natureza; das margens do Rio Uru, o olhar poético de Dona Ana; das praias do Uru, o ramificar do futuro que simboliza a vida. O homem deve entender fazer parte da natureza, sendo um elemento dela. Uruana é cidade privilegiada, entre as suas estruturas a natureza ecoa.

A agricultura familiar resiste aos efeitos tecnológicos do tempo, ainda hoje, inúmeras famílias vivem da terra, trabalham em comunidades a prática passada de geração a geração, graças ao saber dos ancestrais em junção com o conhecimento da atualidade. Em 1988, executou-se em Uruana um Curso do Cultivo de Hortas na região; em 1991, foi ensinado às famílias da região como preparar, de forma saudável, a nutrição com objetivo de preservação dos nutrientes e vitaminas de cada alimento. E no ano de 1992, preocupado com ausência de frutas e verduras na alimentação da população uruanense, foi realizada a Campanha de Implantação de Hortas e Pomares Domésticos.

O conhecimento é fundamental para a preservação da vida. Na Lei Orgânica do Município está escrito que é de suma importância preservar, restaurar, proteger a fauna e flora. Promover a implantação da educação ambiental em todas as atmosferas. A lei proíbe garimpos, caça, pesca, desmatamento, extração mineral, industrial nas áreas pertencentes ao patrimônio municipal, incentivando o turismo consciente com foco do desenvolvimento dos contextos artístico, histórico, cultural, turístico, paisagístico, ambiental e econômico.

É possível o desenvolvimento de atividades que promovam a interlocução entre a conscientização do valor do meio ambiente em parceria com o contexto social e cultural, a preservação da vida deve ser o foco de todas as gestões, optando por metodologias que possibilitem a vinculação responsável do meio ambiente como ferramenta social, cultural, turística e econômica.

Preservar a vida é valorizar o trabalho dos pioneiros, ressaltando o compromisso com as possiblidades de construir sem destruir. Fomentando a consciência de viver em harmonia com todos os seres. A responsabilidade de vivenciar o agora é caminho necessário para perpetuar a história dentro da linha do tempo.   

As atividades econômicas do município

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Trabalhadores rurais em 1970

Em meados dos anos 1970 instalava-se a indústria de pasteurização de leite, Sociedade Produtora de Alimentos Manhaçu (Spam), às margens do Rio Uru, de suma importância para a comercialização do leite produzido no município, transformado em muçarela e queijo, exportado para o Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Nos anos 1990, os maiores produtores de leite eram Amália Vieira - Fazenda Sucuri; Iriva Pereira - Fazenda Roção. Na recria Lírio Martins de Andrade - Fazenda Malhador; Uilson Moreira Coelho - Fazenda Jundiaí.  A indústria foi extinta, mas segue local presente na memória da população uruanense.

Tendo na agricultura e pecuária a base econômica do município, as mudanças socioeconômicas ocorridas, ao longo do tempo, fizeram do homem campineiro um comerciante que traz os alimentos produzidos no campo para ser comercializado na cidade, em feiras que facilitam a comercialização local e propiciam alimentação saudável para a comunidade.

Uruana destaca pelo grande alcance em grãos e leite. A produção de leite com um rebanho de 53 mil cabeças, aproximadamente, estima-se que a produção anual seja de 20 milhões de litros. Os produtos mais cultivados no município são a cana de açúcar, melancia, banana, milho, mandioca, soja, palmito, feijão, borracha - látex coagulado. Entretanto, os agricultores conservam o plantio de arroz de sequeiro, embora esteja, pouco a pouco, dando espaço à produção de milho.  

No município inúmeros fazendeiros pecuaristas que se despontam na criação de gado para corte e para produção de leite. Além do gado a criação de suínos, ovinos, galináceos, piscicultura e apicultura.

A apicultura tem expandido em Uruana. De acordo com o último Censo do IBGE, a criação de abelhas tem aumento no número de famílias que exploram o ramo na zona rural, o número de colmeias chega a mais 250, e o volume de mel produzido anualmente é de seis mil e duzentos e cinquenta quilos.

O cultivo de melão também foi de interesse dos produtores da região, sendo implantado no município em meados dos anos 1980, pela família Sigueu, vinda de São Paulo. Conta uma ex-coletora das lavouras de melão, cultivadas pela família Sigueu, que a produção do melão empoderou as mulheres que, à época, eram solicitas a cultivar, colher, selar o fruto. “Deixávamos de trabalhar como domésticas, naquele período, uma profissão mal remunerada, para tornar profissionais do campo com remuneração melhor” (Lucinete José Veloso).

O extrativismo da região é vegetal, o comércio demonstra múltiplas possibilidades do macro ao micro. No setor industrial o município é precário, pequenas indústrias atuantes produzem, em grande parte, de forma artesanal, em pequena escala.

O homem do campo sempre terá o seu espaço, é ele que mantém o pulsar das grandes metrópoles. É da arte consciente de cultivar a terra que a vida segue processos evolutivos. O trabalho rural é protagonista da história planetária. O homem do campo, os recursos naturais, as intervenções no meio ambiente resultam da vivência que faz a história dos uruanenses. 

 

Por Dhiogo José Caetano  –  dhiogocaetano@hotmail.com

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