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Dhiogo José Caetano

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Produção de Sucesso

Uruana: capital nacional da melancia

Fruta produzida no município abastece o mercado de todo o Brasil e Mercosul

Pelo Brasil  –  14/10/2025 11:31

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(Fotos: Arquivo)

A colheita da melancia em 1978

 

“Quando a melancia vai bem, a economia do município também vai, porque a renda é investida em Saúde, Educação e nas melhorias para a região”. (Francisco Neres Delmoni)

Uruana sempre foi grande produtora de grãos, na busca de expansão do setor agrícola, após pesquisas, iniciou o plantio da melancia. E relata Francisco Neres Delmoni, da Emater, que a cultura da melancia iniciou em 1968, tendo chegado ao município em período no qual só se plantava grãos. Os uruanenses procuravam um produto que impulsionasse a economia, então, o Monsenhor Lincoln Monteiro Barbosa, junto a outros produtores, solicitaram ao agrônomo Dr. Arsênio da Silveira, primeiro extensionista do município, que realizasse estudo da região, viabilizando fonte de renda aos produtores. Ele pediu prazo de seis meses, porém, após 90 dias retornou, e avisou ter encontrado a solução para Uruana no cultivo da melancia, cultura que geraria renda para os produtores.

O Dr. Arsênio da Silveira, somado por conversas com o Sr. Álvaro Moreira Domingues, produtor da região, idealizaram a horta de melancia na forma irrigada. A produção foi um sucesso e, para não ocorrer o desperdiço do fruto, iniciou a comercialização de parte da produção em Goiânia. O preço médio por quilo era Cr$ 1,40 cruzeiros.

O primeiro produtor foi Álvaro Domingues Moreira. Ao longo da história da horticultura no município, destacaram grandes produtores nas pessoas de Tóquio Tanaka; Sideney de Sá; Dante Satake; Ailton Vieira; Nelson Pascoal; André; Noé; Irmãos Akiyama. Nos anos 1980, o sucesso de Tokio Tanaka, vindo de Tupã, no Estado de São Paulo, com 493 hectares da fruta, realidade que marcou uma geração.

A melancia produzida em Uruana abastece o mercado de todo o Brasil e Mercosul - o comércio com a Argentina despertou nos produtores o cultivo de abóbora, que só cresce no município. Plantando mais de três mil hectares e produzindo aproximadamente mais de 50 toneladas por hectare. A produção de melancia gera emprego e renda a mais de duas mil pessoas da região. Na safra do fruto os agenciadores captam os pedidos de frete para todo o Brasil, sendo que os restaurantes, pensões, hotéis ficam lotados. Também os postos de gasolina melhoram o faturamento devido à grande demanda de caminhões. Os cargueiros e jogadores de melancia também faturam, melhorando sua condição de vida.

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A adaptação à técnica de irrigação do solo em 1978

Com a expansão da produção de melancia Uruana tornou-se a Capital Goiana da Melancia, crescendo a migração para a cidade. Atraídos pelos benefícios e prosperidade na produção do fruto, é constante o número de pessoas vindas de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e outros estados, gerando possibilidades de serviço e economicamente somando positivamente no PIB per capita do município. Em 6 de setembro de 2022, com a Lei nº 21.562, nos termos do art. 10 da Constituição Estadual, foi decretado ao munícipio de Uruana o título de “Capital Goiana da Melancia”. Uruana é uma cidade diferente nos dias atuais, além de manter a hegemonia na produção da melancia, é destaque no Estado sendo o município transformado, com muito trabalho, sempre em busca de consolidar sua liderança no comércio, conquistando lugar de importância no contexto histórico goiano.

“De fé e progresso. Congratulamos pela I Festa Estadual da Melancia, que constitui mais uma fonte de renda para Uruana”. (Dr. Jairo Ferreira de Castro)

A Festa da Melancia

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A primeira Rainha da Festa da Melancia,
Marlúcia de Oliveira Rocha, em 1978

A Festa da Melancia surgiu em 1978, na gestão do Sr. José Mariano Costa, idealizada pelo Dr. Arsênio da Silveira, José Teixeira e o primeiro produtor de melancia na Região, Sr. Álvaro Domingues Moreira, juntamente com a empresa da Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás. O motivo da realização da festa era a necessidade de divulgar a produção local, pouco conhecida dentro do próprio Estado, mostrar aos produtores o valor do produto, alertar autoridades, conseguir melhores condições para a comercialização da fruta.

Desde 1993, tornou-se evento nacional, realizado anualmente, no mês de setembro, aniversário da cidade. A festividade de comemoração do sucesso da colheita do fruto tornou atração turística. O evento atrai caravanas de turistas de todo o Brasil que invadem a cidade e praias do Rio Uru, pessoas que acampam às margens do rio, refrescando nas águas do majestoso caudaloso. Há que reconhecer que este grande encontro anual promove, de forma natural, intercâmbio cultural dos moradores locais com os inúmeros turistas brasileiros, até internacionais.

No evento destacam-se como principais atrações o desfile para eleger a Rainha da Melancia; shows de inúmeros gêneros; concurso do Chupa-Chupa, a eleger o maior chupador de melancia do Brasil; Desfile Estudantil; degustação gratuita do fruto produzido na cidade.

Conta Marlúcia de Oliveira Rocha, a primeira Rainha da Festa da Melancia, que em 1978 a cidade estava fervorosa diante de evento nunca antes realizado. A primeira Festa da Melancia era o assunto da região. Se o objetivo era popularizar a cidade com o título de maior produtor de melancia do país, fazia necessário pensar algo com maior proporção.

Realizar o desfile das meninas mais bonitas da região foi excelente ideia. “Em 1978, eu e mais 12 meninas desfilamos em busca do título de Rainha da Festa da Melancia. E eu, muito nova, com 14 anos, não tinha noção de nada. A emoção foi indescritível, ser eleita a primeira Rainha da Festa, receber a coroa e faixa das mãos da Miss Goiás, desfilar diante dos olhares e admiração de entusiastas da minha comunidade. Foi um fato histórico na minha vida e de todos que participaram diretamente e indiretamente da festa que tornaria tradição nacional” (Marlúcia de Oliveira Rocha).

A primeira Festa da Melancia aconteceu entre os dias 14 a 17 de setembro de 1978, em comemoração à colheita de 24 mil toneladas do fruto. O evento, além de expressar o orgulho e êxito dos uruanenses, foi um marco histórico. A festa iniciou com a Alvorada e Missa na Igreja São Sebastião, cultos nas igrejas pentecostais e evangélicas, hasteamento de bandeiras, rodeio no Parque da Pecuária, distribuição de aproximadamente 20 toneladas da fruta à população, homenagem ao pioneiro Braz Pereira da Silva, com a instalação de busto na entrada da cidade. Como representante do governo do Estado, Clemente Barros Netto, chefe de gabinete da Emater-GO, o qual historiou o trabalho do pioneiro Arsênio da Silveira, técnico da Acar-GO, agradecendo a presença da imprensa, particularmente, a Organização Jaime Câmara, que fazia cobertura das festividades. O ex-prefeito José Rocha Borges pediu, de público, uma balança eletrônica com capacidade para 60 toneladas, para facilitar a pesagem do produto. O prefeito de Rialma, presente ao evento, Sr. Pedro Antônio Pereira, explanou a importância da balança para o município. O represente dos produtores, Waldivino Alves Parreira, agradeceu a todos pelos esforços empreendidos. A fala finalizou com o coordenador da festa, José Teixeira, chefe de gabinete da Prefeitura de Uruana, quando exaltou o trabalho realizado pelos técnicos da Extensão Rural.

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Clemente Netto, José Borges,
Waldivino Parreira, José Teixeira em 1978

A programação foi semelhante em todos os dias com festividades na Câmara Municipal, no terceiro dia, a instalação do Busto do Fundador da cidade Sr. José Alves Toledo, na Praça São Sebastião, além do baile para escolha da Rainha da Festa. No transcorrer das solenidades um grupo cantou o Hino Nacional, celebrou o Dia da Alfabetização, na ocasião, o Dia do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). O último dia iniciou com Festival de Melancia e Desfile Estudantil com concentração na porta da prefeitura, almoço festivo, entrega de certificados aos produtores. O encerramento do evento histórico aconteceu no Estádio Napoleão Vieira, com partida de futebol entre compradores e produtores. 

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Mais de cinco mil pessoas consumiram 30 toneladas
de melancia na primeira Festa da Melancia em 1978

A primeira Festa da Melancia foi um sucesso com a distribuição de 30 toneladas do fruto, consumido por mais de cinco mil pessoas em festival inusitado, promovido pela Empresa da Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás. Na ocasião o município torna-se o segundo maior produtor de melancia do país, vindo depois da cidade de Tupã, em São Paulo, que detinha a primeira colocação.

A tradicional Festa da Melancia tornou Uruana ponto turístico em Goiás, destacando a qualidade do fruto produzido na região, a hospitalidade do povo uruanense que acolhe com simpatia e respeito às pessoas que vêm de todas as partes do mundo para conhecer a Princesinha do Vale São Patrício, a Capital Nacional da Melancia.

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O Concurso do Maior Chupador de Melancia:
Osvaldo Severino dos Santos recebe a faixa
do vereador Eurípedes Retratista em 1992 

 

Por Dhiogo José Caetano  –  dhiogocaetano@hotmail.com

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