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Dhiogo José Caetano

dhiogocaetano@hotmail.com

Opinando e Transformando

Geraldo José Sant´Anna é o 62º entrevistado na série sobre cultura

Objetivo é formar um mosaico com o que cada um pensa desse universo multifacetado

Pelo Brasil  –  13/11/2018 19:35

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(Foto: Divulgação)

“É preciso reconhecer e valorizar a diversidade cultural; o Brasil é amplo em extensão e sua riqueza cultural é infinita; assim os empreendedores culturais precisam reconhecer essa beleza e cuidar para que todas essas manifestações dialoguem e floresçam”

 

Geraldo José Sant´Anna é o 62° convidado na série de entrevistas “Opinando e Transformando”. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura. Confira:  

> Nome: Geraldo José Sant´Anna
> Breve currículo: Formado em Matemática e Pedagogia. Especialista em Supervisão Educacional. Especialista em Psicologia Multifocal. Especialista em Educação, Diversidade e Inclusão Social. Pós-Graduado em Investigação Criminal e Psicologia Forense. Master Degree em Multifocal Psicology pela Florida Christian University, EUA. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VaeBrasil. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Integrante da União Brasileira de Escritores - UBE e de Academias Literárias Brasileiras e Internacionais. Autor de vários livros. Diversos prêmios literários. 

> Em sua opinião, o que é cultura? 

Cultura, em meu entendimento, é a fusão entre o conhecimento acumulado, as crenças, os valores, os costumes, os hábitos e outras informações construídas e mobilizadas por um grupo ou por um povo, que se expressa por meio das artes, relações sociais, expressões linguísticas, definindo comportamentos e atitudes cotidianas. 

> Você se considera um difusor cultural? Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica? 

Considerando minhas atividades literárias, em especial como contista, minhas ações enquanto educador - compreendo que a escola é importante instituição para difusão da cultura -, a participação em diversas Academias Literárias, entendendo-as como núcleos difusores, arrisco-me colocar-me como difusor cultural. Estamos em constante transformação, novos conceitos e novos valores emergem constantemente conglomerando o tradicional às novas tendências. Nessa perspectiva o teatro, a dança, as artes plásticas, a literatura, dentre outros relevantes meios de expressão, recria comportamentos e propicia a experiência de saborear outros olhares para o mundo.  

Hoje podemos ligar a TV e curtir Rupaul, tingir os cabelos de azul, ingressar em uma educação digital, realizar transações financeiras via celular, entrar em contato com um número inimaginável de produtos e pessoas... o que era inconcebível há algumas décadas. 

Assim imergimos em um momento em que a diversidade impera (e deve ser respeitada!). Vejamos a música. Qual o gênero mais popular no Brasil? O sertanejo, o rock, o samba, o forró, a música eletrônica? O mesmo pode ser analisado com relação a dança: apostamos na quizomba, o funk, twerking? Enquanto educador e escritor devo estar sintonizado com essas mudanças que não se refletem apenas na dança, na música, na forma de aprender e interagir, mas na forma de interpretar os fenômenos sociais, políticos e econômicos de nosso dia a dia. 

Enquanto educador posso contribuir para a perpetuação de uma escola fria, arcaica e desconectada do mundo; enquanto escritor posso desconsiderar o booktrailer, por exemplo, se não me encontrar antenado a tudo isso! 

> Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira? 

No Brasil, a aculturação sempre foi muito rica. Desde a ocorrida pelo contato entre os diferentes povos indígenas como aruák, karaíb, tupí, jê e trumái, dentre outros, até o trazido pelos portugueses e demais europeus, e os grupos africanos, gerando a rica diversidade linguística, a gastronomia, as danças, as festas religiosas, o sincretismo religioso. 

Embora altamente significativas essas contribuições não podemos colocar um ponto final, ou seja, compreendermos o processo de aculturação apenas no período colonial. É facilmente observável a influência norte-americana, por exemplo, mesclando-se ao vocabulário brasileiro, como hot-dog, cheeseburger, notebook, pendrive, os fast-foods, usar calças jeans, dentre tantas outras. 

Esse processo é ininterrupto e incorpora sempre novos ingredientes ao seu menu. 

> Que problemática você destaca na prática da difusão cultural? 

É um processo natural e sempre existiu ao longo da história da humanidade. Impossível evitá-lo. Talvez seja importante destacar dois pontos: a questão da identidade cultural e os conflitos sociais gerados pela diversidade cultural. 

O artigo 5º, da Constituição Federal, preceitua a liberdade de crença, de expressão, de identidade, todavia, promover o respeito a identidade sexual, religiosa, étnica, cultural ou racial, com tolerância e sem discriminação é algo que precisa ser consolidado. 

> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural. 

Como já abordamos anteriormente não é possível conceber o mundo contemporâneo desconectado do mundo virtual. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) assumem importante papel no processo de ensinar e de aprender, os celulares adquiriram função preponderante nas relações, sobrepondo-se ao seu uso de ligações telefônicas, o leitor pode optar por um livro impresso ou livros em Epub, PDF e mobi, livros para iPad, livros para Android, livros para kindle, livros para Kobo, enfim os ebooks adquiriram seu espaço além das prateleiras e estantes. Hoje muitos artistas se consagram por meio de edições no YouTube e redes sociais. Cultura digital é algo, relativamente, novo. Daí encontrarmos ainda resistências e dúvidas por parte de muitas pessoas. 

> Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais? 

É preciso reconhecer e valorizar a diversidade cultural. O Brasil é amplo em extensão e sua riqueza cultural é infinita. Assim os empreendedores culturais precisam reconhecer essa beleza e cuidar para que todas essas manifestações dialoguem e floresçam. Já se foi o tempo em que havia necessidade de subjugar um para fortalecer o outro (se é que isso foi necessário em algum momento). Temos uma história viva em que crenças foram renegadas, povos dizimados ou escravizados, tradições esquecidas, valores ironizados... o tempo, agora, é de eclodir a beleza de quem somos, fruto dessa agregação cultural. Saibamos reconhecer nosso DNA cultural.

> Clique e confira todas as entrevistas da série sobre Cultura "Opinando e Transformando"    

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Por Dhiogo José Caetano  –  dhiogocaetano@hotmail.com

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