
(Fotos: Arquivo)
Exposição Agropecuária em 1977
“Participar do movimento cultural que imortaliza a Folia de Reis e suas tradições é algo que muito me enriquece, sou muito feliz em poder corroborar com o folclore popular brasileiro. A cultura é o caminho para o progresso, através dela podemos resgatar a nossa juventude, dando estrutura para o contexto familiar. Os jovens devem refletir as escolhas, evitando lamentáveis consequências. Juntos podemos construir uma sociedade sem violência. Pensemos em um futuro melhor”. (Francisco Rodrigues do Prado)
Exterioridades culturais do município
Os populares e a melancia: cultura de larga escala em Uruana em 1977
A cultura é o motor que alimenta a arte de viver, é o movimento natura do "Eu" em direção do "Todo", é uma janela que se abre no infinito universo das possibilidades e interferências (conhecimento, a arte, as crenças, as leis, a moral, os costumes, os hábitos e aptidões) no contexto social. Um espaço onde se desenvolve e difunde as probabilidades, propagando as práticas que fomentam o progresso da vida humana, promove os ecos da intelectualização. A cultura é uma prática que nos convida à renovação. As práticas culturais são poderosas armas ideológicas que precisam sobreviver às barreiras impostas pelo egocentrismo humano; desempenhando o seu papel de conscientização, transmissão e preservação da memória história.
Enquanto a Educação se revela terreno fértil a fomentar e transmitir a Cultura, a Instituição Escola se dá enquanto espaço de convivência direcionado ao fortalecimento de vínculos, que busca incessantemente promover o Multiculturalismo por intermédio de diversificados contextos teóricos-práticos-culturais. A histórica Uruana é agraciada com a excelência da estrutura educacional colocada à população enquanto direito alcançado esboçado nas Unidades Antônia Alexandre de Sousa (CMEI I); Escola Municipal João José Ferreira (CMEI II - Uruíta); Escola Municipal José Moraes Freitas - Polo; Escola Municipal Maria Félix de Oliveira (Uruceres); Escola Municipal Militarizada Maria dos Anjos Severino Silva; Colégio Estadual José Alves Toledo - Cejat; Colégio Estadual Zico Monteiro; Colégio Tecnológico Celso Monteiro Furtado - Cotec; Colégio Estadual José Ribeiro Magalhães (Uruíta); Colégio Estadual Orígenes Lemes da Silva (Uruceres); Escola Pitágoras; Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Uruana (Apae).
Cultura refere a textos, intertextos, entrelinhas que codificam as múltiplas realidades que descrevem uma sociedade ao longo do seu infinito processo progressista. É o sopro de vida, que desafia o tempo, se transfigurando ao longo da marcha evolutiva da humanidade, tornando uma ferramenta capaz de sensibilizar e povoar a paz no seio desta, processo de múltiplas facetas, heterogenia que institui o alicerce pluricultural.
O fluxo contínuo da cultura é mutável, devido aos encontros e desencontros, ao longo da construção da identidade individual e coletiva dos movimentos de múltiplos conceitos, uma variante que se forja segundo as intervenções do meio e do espaço. Este é o único caminho para transmutação dos padrões socioculturais; os embates culturais promovem a reflexão dos fluxos das realidades construídas em determinados modos de vida.
A cultura é um fenômeno natural que promove os fluxos evolutivos da humanidade. Um arcabouço de ações que se desenvolve em prol do progresso da vida humana. Um diálogo constante entre o passado, o presente e o futuro. É o ressoar dos ecos do passado pragmatizados no presente, inspirando os movimentos de transformação do futuro. Uma movimentação natural dos fluxos evolutivos da humanidade. A vida cotidiana é a roda motriz que fomenta, pragmatiza e difunde as práticas culturais.
José Teixeira, secretário da prefeitura, discursando em nome do prefeito José Mariano - VI Exposição Agropecuária - 1977
Esta ferramenta que liberta o homem de um sistema que visa oprimir e bestializar. A cultura é o ecoar etimologicamente da liberdade. É o elo que universaliza as práticas e ações da vida humana, forjando padrões um “tipo ideal”, que lamentavelmente bloqueia as rupturas com as diferenças.
Banalizar as práticas da vida cotidiana é uma ação que lamentavelmente promoverá uma reação retrógrada na monumentalização do legado cultural humano. A cultura de paz precisa ser vivenciada, codificada e difundida. O amor é a única ferramenta capaz de promover a transformação do eu individual e dos eus coletivo. Possibilitando a compreensão do panorama globalizado, fomentando o instinto de preservação das raízes humanas.
A cultura é um eco sem princípio e fim. Ampliando a forma de interpretar os contextos que nos influenciam continuamente. Uma conexão do passado com o presente e o futuro.
É chegada a hora de lutarmos pela humanidade, unindo as nações em prol da equidade, da desbestialização e da concretização da globalização. Os indivíduos precisam compreender os mecanismos sociais, se identificando dentro dos processos socioculturais, tendo voz ativa enquanto sujeito social.
VI Exposição Agropecuária e Semana da Pátria, organizada pelo prefeito Jose Mariano; presentes: deputado Jarmund Nasser e Wolney Siqueira e os Srs. César Hannas; presidente da Emater, Clemente Barros Neto; integrante da Emater, Onofre Henrique Moreira; veterinário Edson Guanais Dourado; o gerente do Banco do Brasil, Raimundo Martins de Loyola; Luiz Rocha Borges, presidente da exposição; ex-prefeito José Rocha Borges; Joaquim Leite da Silva, juiz de direito do Carmo do Rio Verde; e o promotor José Francisco Nogueira Paranaguá Neto - 1977
Podemos, após estratégias bem direcionadas, desfragmentar os paradigmas, fomentando os elos do bem, agregando conhecimento, informação, humanização, rompendo com as linhas de um horizonte até então limitado pelos entraves de uma realidade de modo geral ainda a questionar.
É preciso informar para libertar, conscientizar para moralizar, acolher para humanizar, incentivar para mobilizar. O mundo necessita de homens que não utilizem o discurso pelo discurso, difundindo a ação com coesão.
A cultura é a conexão das possibilidades de construção de uma realidade melhor.
Presidente do Sindicato Rural, Sr. Geraldo Dias, VI exposição Agropecuária - 1977
Considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial, de forma coletiva e individual, o Folclore é a manifestação da cultura popular que caracteriza a identidade social de um povo. As festas, danças, ritmos, jogos, lendas e crendices fazem parte dos detalhes, lembranças e recortes da história do povo uruanense. Neste arcabouço destacamos os bailes tradicionais, campeonatos esportivos, festas juninas, Festa na Roça São João, as serenatas, Exposição Agropecuária, Festa da Melancia, Festa de São Sebastião/Festa da Barraquinha, Folia de Reis.
As tradicionais Quadrilhas de São João são organizadas anualmente pelas escolas do município. Acontecendo leilões, pescaria, danças típicas, sendo servido comidas típicas, tais como a pipoca, canjica, amendoim, quentões, mané pelado/bolo de mandioca, pé de moleque e outros mais.
A Folia de Reis, também conhecida como Reisada ou Festa de Santos Reis, é um momento que envolve o lúdico e os sincretismos. A festa popular acontece anualmente sendo a comemoração animada por um grupo de foliões, tocadores de inúmeros instrumentos musicais, caracterizados com adornos e assessórios que carregam milênios de história. O grupo de festejo percorre as ruas da cidade visitando casas, fazendo paradas com apresentações dos palhaços, figuras que destacam por suas brincadeiras e alegria, e ainda momentos de canções e orações.
As manifestações culturais alicerçam a identidade do povo uruanense, a Festa de São Sebastião é um ponto de alegria, um movimento do sagrado e profano. A Festa da Melancia, em ascensão, caminha para ser uma festa internacional, com todas as práticas culturais fundamentais para manter a essência viva da comunidade.
A consciência cultural instiga à compreensão, extingue as aversões, desperta os sentidos além das subjugações dos contextos alienantes. É preciso trespassar os vários mundos que existem dentro deste dilatado Mundo. Enxergar as semelhanças, interpretar as diferenças que foram e são fundamentais para os movimentos que burilam a humanidade. A cultura é o elo de diálogo entre passado e presente; fomenta os mecanismos que solidificarão as bases de um futuro longínquo; é campo ilimitado que promove a possível libertação das amarras da alienação, naturalmente, ao longo dos séculos, inserida na mentalidade da humanidade.
A religião no contexto da cultura
O lançamento da Pedra Fundamental da Igreja São Sebastião em 1947
Experienciar os processos existenciais através da arte é um fenômeno que perpassa os mundos. A cultura tem o poder de promover o diálogo entre os indivíduos, reafirmando as diferenças e enriquecendo as possibilidades. A religião faz parte da cultura, é um fenômeno cultural. A religião é constituída por muitos, rituais e comportamentos morais. Pode-se falar em uma constelação formada por mito, ritual e práxis (HEFNER, 1993, p. 157-173).
A influência da Igreja esteve presente em diversos momentos decisivos do município, desde a escolha do produto agrícola, a principal base econômica da cidade, a contextos ideológicos e políticos.
Segundo Caetano (2003), em trecho de carta enviada ao Dr. Jairo, em 17 de agosto de 1957, pelo padre da Paróquia local, Monsenhor Lincoln Monteiro Barbosa, o primeiro vigário do município, um dos fundadores do Lions Club de Uruana, “é notável que a Igreja servia também de colaboradora do Estado, na função de resguardar a ordem vigente, vigiando e cobrando da autoridade local o mesmo compromisso”. Uma simples assinatura com o jornal “O Albor”, tido como reacionário, “serviu de razão para a intervenção da Igreja, não apenas sugerindo, mas claramente pressionando o prefeito a buscar outra alternativa de informação e comunicação” (Caetano, 2003, p. 42).
Em trecho de Caetano, “peço a V.Exa. em nome dos interesses de nosso povo e de nossa Pátria, seja prudente nesse caso examine o fato, porque se o jornal é comunista, isto poderá trazer-lhes consequências desagradáveis” (Barbosa, 2003, p. 42).
Os mecanismos culturais são capazes de transcender os efeitos do tempo, libertando e aprisionando os indivíduos nos múltiplos arquétipos, para-além dos reversos do tempo, o suspiro do passado, o alimento do presente, o olho que transvê um futuro ainda por vir.
Artistas uruanenses
Orquestra de Violeiros de Uruana
Dona Esmeria de Sousa e Silva, artesã uruanense em 2016
A cultura é o grito da humanidade que rebelasse contra a bestialização, promovendo a revolução da sensibilidade. É a base que alicerça as construções que permeiam a vida dos homens, a movimentação dos mesmos promove as configurações culturais.
Uruana é celeiro de artistas que vêm conquistando o Mundo, entre os quais se destacam Antônio de Oliveira; Ubirajara Moreira; José Cintra; Daniel Gomes (Cido); Albert Marrom; Deolinda Leite da Costa; Edivaneide Rafael; Vieira Netto; Jordana Moura; Zé Mesquita; J. Santos; Paulo Matão; Marcilene Marciano; Fritz Barsanulfo; Ronivaldo Robson; Ronei Ribeiro; Nilton Moreira Coelho Filho; Maria Inês Dos Santos; Wilson Simonal; Djaime Da Silva Junior; Lúcia Ferreira; Bento de Oliveira Leite; Esméria de Souza e Silva; Orquestra de Violeiros; Nelo e Geraldinho; Serrinha e Serrador; Cesário e Zé Pretinho; Adair Peixoto; Pedro Alves e Cabral; Banda Califórnia; Tunikin SS; Darcy de Castro Barros; Benedito Pires; Washington de Sousa Ramos; Josimar Rosa Tavares; Sílvio Prestes Ferreira; Afrânio Francisco de Bessa; Rut Deusdará da Silva; Darcy de Castro Barros; Benedito Pires; Silvio Prestes; Reni Deusdará da Silva; Hélio Ribeiro; Rosicler Deusdará da Silva; Sueli Ferreira; Luiz Carlos Moreira dos Santos; Verônica Camargo; Fernanda Alvarenga; Edsinay Borges; Rosa Miranda, Marlene Graciana; Elina Maria Faria; Marilza Aguiar; Deivid Leôncio; Fabrício Henrique Carvalho; Tadeu; Ângela Lemes; Dhiogo José Caetano.
A artista uruanense Maria Inês dos Santos, reconhecimento internacional
O campo cultural extravasa os domínios do saber, engendra uma atmosfera de possibilidades, caminhos e descaminhos para a compreensão da totalidade esfacelada em múltiplos contextos pragmáticos. É um arcabouço de possibilidades que rompe com os horizontes; fomenta a transposição de conceitos, modos, normas dos fluxos da vida cotidiana. A cultura é um eco do passado que dá vida ao presente, sofre influência do mesmo visando o intercâmbio entre as práticas dos ancestrais e o processo evolutivo da humanidade, capaz de libertar das garras da bestialização.
Turismo
As instituições governamentais precisam promover de forma pragmática o acesso dos programas de incentivo ao Turismo Cultural, projetando do papel para a realidade aquilo que inúmeros visionários estudaram, pesquisaram e que infelizmente ainda permanece no campo das abstrações. "A cultura é um dos motores do crescimento do turismo" (Zurab Pololikashvili, secretário-Geral da Organização Mundial do Turismo - OMT).
O Turismo Cultural é fundamental na difusão da identidade de uma região, cidade ou vila, seja através da Arte, Cinema, Língua, Esporte, Religião, Arquitetura, Gastronomia, Natureza, qualquer tipo de Folclore. O olhar cultural é o fenômeno social que justapõe os limites da temporalidade, influenciando, sendo influenciado ao longo dos processos evolutivos da sociedade humana. Os nossos ancestrais nos guiaram até aqui, estamos diante de uma porta rumo ao infinito, não podemos viver a simples contemplação dos nossos mestres, avancemos para além deste infinito.
As festas, o Rio Uru, as trilhas no cerrado, os monumentos arquitetônicos, são pontos importantíssimos do turismo de Uruana, porém, não podemos esquecer da gastronomia local, os doces, temperos, licores, bebidas, frutas, sabores da região, outro ponto de destaque os artesanatos em tecido, madeira, barro, crochê, papelão, tela e outros. Estas características fazem de Uruana cidade apaixonante, seja pela simpatia uruanense, encanto das belezas naturais e artesanais, sabores inesquecíveis da comida goiana. Em 2022, o município de Uruana passa a integrar a Região Turística do Ouro e Cristais, contando com a Certificação Nacional de Cidade Turística, integrando o Mapa do Turismo Brasileiro - Sismapa.
A XV Festa da Melancia com turistas às margens do Rio Uru em 1992