(Foto Ilustrativa)
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Autistas devem ser acompanhados por especialistas com tratamentos nos mais diversos eixos de intervenção, suporte familiar e escolar e, em alguns casos, até com medicações
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Clay Brites
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que leva a significativo impacto na percepção social e na comunicação e afeta também a área motora, sensorial e cognitiva e se manifesta de forma variada e individualizada. Muitas vezes, após os pais receberem o diagnóstico de TEA, algum parente ou amigo - com uma visão equivocada sobre as pessoas pertencentes ao espectro - podem fazer comentários depreciativos dizendo que a criança será agressiva ou sem empatia, por exemplo.
É importante esclarecer alguns mitos relacionados ao autismo. Deve-se reforçar, antes de tudo, que é um transtorno que difere de pessoa para pessoa. Depois, é sobre a agressividade. Alguns autistas manifestam suas insatisfações em momentos de desconforto através da agressividade. Porém, essa não é uma característica pertencente a todos os autistas. Eles podem demonstrar descontentamento de outras formas, inclusive não fazendo nada.
Outro mito é falar que eles não têm empatia. Muitos acreditam que eles têm ausência de sentimentos. Nada disso. Alguns autistas são extremamente carinhosos e empáticos perante dores e sentimentos de outra pessoa, mas não conseguem plenamente demonstrar. É verdade que alguns têm dificuldades em demonstrar seus sentimentos, mas isso não os deve caracterizá-los como “frios”.
Mais um mito é sobre a cura. Autismo não é uma doença. Portanto, não falamos em cura. Trata-se de um transtorno que atinge questões relacionadas ao neurodesenvolvimento e tem perfil crônico onde o mais importante é saber como manejar seus sintomas e dificuldades. Assim, eles devem ser acompanhados por especialistas com tratamentos nos mais diversos eixos de intervenção, suporte familiar e escolar e, em alguns casos, até com medicações.
Muitos acreditam que autistas não gostam de ter amigos. Eles muitas vezes têm dificuldade nas relações sociais, mas conseguem criar amizades, principalmente quando estão se sentindo confortáveis em determinadas situações e onde as pessoas entendem sua forma de comunicação.
Mesmo algumas pesquisas apontando que, frequentemente, o diagnóstico se dá mais em meninos, as meninas também podem ser diagnosticadas no espectro. Elas podem, por sua vez, ter o diagnóstico revelado em estado mais tardio devido algumas questões comportamentais passarem despercebidas e por conseguirem camuflar os sintomas.
Autistas podem ser superdotados ou com altas habilidades, com uma inteligência acima da média, mas diversas crianças com TEA possuem alguma deficiência intelectual. Dessa forma, acabam tendo dificuldade na aprendizagem e no processo de alfabetização e podem ser dependentes de seus cuidadores por toda a vida.
Sempre que tiver dúvidas sobre o TEA procure um especialista ou se informe em fontes confiáveis sobre o tema que sejam embasados em evidências científicas. É extremamente importante obtermos informações corretas para não acreditarmos em certos estereótipos e divulgarmos notícias falsas. Lembre-se: cada autista é único e cada ser humano tem suas peculiaridades.
> Clay Brites é pediatra e neurologista infantil (Pediatrician and Child Neurologist), doutor em Ciências Médicas/Unicamp (PhD on Medical Science), é integrante da Abenepi-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society), Speaker of Neurosaber Institute