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Febre amarela - É preciso se informar e não ter medo

Coluna estreia esclarecendo formas de prevenção, quem deve ser vacinado e como ocorre a transmissão da doença; linguagem simples e de fácil compreensão

Viver bem  –  24/01/2018 21:46

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(Foto Ilustrativa)

Aplicação da vacina resultará na estimulação

à criação de anticorpos contra a doença

 

A recente endemia de febre amarela, o medo de contrair a doença e a falta de informação geraram desordem em muitas filas de vacinação pelo Brasil e até casos isolados de crime ambiental. A informação é a base de tudo. Nesta coluna que começa hoje traremos informações importantes sobre saúde e bem-estar com linguagem simples e de fácil compreensão.

Formas de prevenção

No meio urbano a transmissão se dá através do mosquito Aedes Aegypti e a prevenção deve ser feita evitando sua ploriferação. Deve-se evitar o acúmulo de água e recipientes como pneus, latões e caixa d´água destampados. Esses são ambientes propícios para que a fêmea deposite seus ovos. A vacina produz resposta imune à defesa contra a febre amarela e garante 98% de proteção. Ela é constituída pelo vírus vivo atenuado da febre amarela. Por estar vivo, pode causar reações como dor no local de aplicação, febre, mal-estar, dor de cabeça e dor no corpo. Em casos raros, pode levar à forma grave da doença, chamada de Doença Viscerotrópica Aguda, que ocorre até o décimo dia após a vacinação. Deve-se suspeitar da doença quando houver febre, pressão baixa, hemorragia e icterícia, aspecto amarelado da pele e olhos. A frequência de eventos neurológicos após a vacinação, como meningite, é rara.

Recomendação da vacina

Todas as pessoas não pertencentes ao grupo de risco podem tomar a vacina. Em uma pessoa com condições normais de saúde, a aplicação da vacina resultará na estimulação à criação de anticorpos contra a doença. Pessoas com doenças imunossupressoras, hematológicas e alérgicas aos elementos do ovo não podem tomar a vacina. Em pessoas com mais de 60 anos a vacina só pode ser aplicada com autorização médica. A preocupação nesse caso é com a baixa imunidade nessa faixa etária. Segundo o Ministério da Saúde, em dados colhidos entre dezembro de 2016 e março de 2017, dos pacientes acometidos pela febre amarela, 62 ocorreram em pessoas acima de 62 anos. É preciso levar em questão o risco de contrair a doença. Nesse caso existem outras medidas preventivas, como evitar viagens para regiões endêmicas, utilizar repelentes e roupas de manga longa, como calças e blusas. O mesmo se aplica a gestantes. No caso de residir em regiões afetadas ou a viagem for obrigatória, orienta-se consulta médica, para que avalie os riscos e benefícios da vacina. Bebês que moram em áreas de risco devem tomar a vacina a partir dos seis meses, em locais com pouca ou nenhuma incidência da doença a imunização é feita a partir do nono mês. 

A transmissão da doença

A febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres, a manifestação e sintomas são iguais em ambos os casos, pois o vírus é o mesmo. O ciclo silvestre acontece em áreas florestais, o vetor da doença é o mosquito Haemagogus. Nas áreas urbanas a transmissão se dá pelo mosquito Aedes Aegypty (o mesmo que transmite a dengue). A infecção acontece quando uma pessoa é picada pelo mosquito transmissor infectado. 

Macacos não transmitem febre amarela, eles são vítimas 

Frase da campanha #aculpanãoédomacaco realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde. Além do homem, a infecção pode acometer outros vertebrados, como os macacos, que podem desenvolver a febre amarela silvestre - isso não quer dizer que macacos são transmissores da doença. Segundo Renato Alves, gerente de vigilância das doenças de Transmissão Vetorial do Ministerio da Saúde, os macacos não são responsáveis pela transmissão da doença. Na verdade, eles servem como estudo e direção para elaboração de ações de prevenção. Além disso, matar animais é crime ambiental previsto no artigo 29 da Lei n 9.605/98. “Matar, perseguir, caçar, apanhar utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”. Em casos de macacos mortos ou doentes, deve-se informar ao serviço de saúde do município. 

Já tivemos problemas com febre amarela antes 

Os primeiros registros feitos sobre a febre amarela datam de 1635, descrevendo os sintomas que acometeram imigrantes franceses como pele amarelada e vômito negro. Ha também relatos que atribuem a origem da febre amarela à África. Em Pernambuco, Brasil, há registros da doença entre os anos de 1691 e 1692, publicados em Portugal em 1963, intitulados de “Trattado Único de Constituição Pestilencial” pelo médico João Ferreira Rosa. O primeiro surto da doença no Brasil durou dez anos, de 1685, acometendo 25 mil doentes e 900 mortos.

Situação atual 

Segundo o COES (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública sobre Febre Amarela), o Brasil vive o maior surto de febre amarela das últimas décadas, sendo os estados de Minas Gerais e Espírito Santo os mais afetados. Em dezembro de 2016, em Minas Gerais, se iniciou um surto de febre amarela que se estendeu para mais nove municípios de diferentes estados. Em 6 de setembro de 2017, o Ministério da Saúde anunciou o fim do surto. Até o dia 31 de maio de 2017 foram notificados ao Ministério da Saúde 3.24 casos suspeitos de febre amarela. Desses, 792 foram confirmados. Entre julho de 2017 e 16 de janeiro de 2018, os dados indicavam 35 casos e 20 mortes. Em recente atualização do Ministério da Saúde, foram confirmados 130 casos e outros 162 estão sendo investigados. São Paulo registra 601 casos confirmados, sendo o estado mais afetado até o momento. Em seguida, Minas Gerais, com 50 casos, e Rio de Janeiro tem 18. Entre os registros de óbito, Minas Gerais registra 24 mortes, seguida de São Paulo com 21 e Rio de Janeiro, 7, segundo Ministério da Saúde.

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Por Elisa Marques  –  nataliasouzamarques@outlook.com

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