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Camuflando os Sintomas

Por que o autismo em meninas é menos comum?

Comportamento das garotas pode fazer com que o diagnóstico venha com atraso; ao ficarem mais velhas, sintomas podem se tornar mais evidentes, devido à dificuldade de se relacionarem

Viver bem  –  01/12/2021 17:55

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(Foto Ilustrativa)

Demora do diagnóstico faz alimentar o mito de que autismo não existe em meninas ou é mais raro

 

Clay Brites

As diferenças existentes normalmente quando comparamos comportamentos típicos de homens e mulheres podem fazer com que as meninas tenham o diagnóstico de autismo com mais atraso do que os meninos. Isso faz com que pais, cuidadores e profissionais procurem menos os sintomas de autismo em meninas. Elas têm mais autoconsciência, senso de empatia e tentam “se encaixar” mais socialmente do que eles. Isso pode significar que elas têm a capacidade de “esconder” os sintomas do autismo na infância.

Entretanto, quando ficam mais velhas, as normas sociais e as amizades se tornam mais difíceis, elas podem encontrar dificuldades para se relacionar e os sintomas passam a ficar mais evidentes. Assim, podem não receber um diagnóstico de autismo até a adolescência. Essa demora no diagnóstico alimenta o mito de que autismo não existe em meninas ou é mais raro. Vale ressaltar que, mesmo sendo menos comum, a verdade é que existe, sim, autismo em garotas! Porém, elas conseguem “camuflar” os sintomas do TEA por mais tempo do que os meninos.

Meninas são naturalmente mais calmas e preferem brincar compartilhando coisas mais do que os meninos. Portanto, meninas preferirem ficar sozinhas pode ser sintoma de autismo. Nos meninos, comportamentos repetitivos e dificuldade em controlar os impulsos podem aparecer com mais frequência do que em meninas autistas.

Alguns dos sintomas de dificuldades de comunicação no autismo são:

. Não responder ao seu nome por volta dos 12 meses de idade;
. Preferir não ser segurado ou abraçado;
. Dificuldade em explicar o que eles querem ou precisam;
. Evitar contato visual, entre outros. 

Outras características do comportamento autista são rotinas rígidas e ações repetidas. Além de dificuldade para se adaptar a uma mudança na rotina; preferir lidar com objetos ou brinquedos do que pessoas; ficar se balançando de um lado para o outro.

Após as garotas autistas receberem o diagnóstico correto, elas podem receber terapia comportamental e planos de aula especializados, mas são essencialmente os mesmos serviços oferecidos a um menino na mesma situação. Mas mulheres com autismo são fundamentalmente diferentes dos homens com autismo, pois elas ficam mais preocupadas com seu entorno e mais depressivas.

Os sintomas do TEA podem ser os mesmos para ambos, mas, quando se cruzam com o gênero, a experiência de vida de uma mulher com autismo pode ser diferente da de um homem com a mesma condição, trazendo sofrimentos diferentes e desfechos distintos. O diagnóstico precoce é sempre a melhor opção. Por isso, ao notar qualquer sinal relacionado ao autismo, questione o pediatra sobre a necessidade de uma pesquisa mais profunda para evitar um diagnóstico tardio.

> Clay Brites é pediatra e neurologista infantil (Pediatrician and Child Neurologist); doutor em ciências médicas/Unicamp (PhD on Medical Science); integrante da Abenepi-PR e SBP (titular member of Pediatric Brazilian Society); speaker of Neurosaber Institute. 

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Por Assessoria de Comunicação  –  contato@olhovivoca.com.br

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