(Fotos: Divulgação)
A apresentação do livro foi feita com maestria e propriedade pela vice-presidente do Grebal, professora Matilde Diniz Lacerda; na foto, com o mestre de cerimônia, acadêmico Rozan Silva
O lançamento do livro "Mergulho na saudade", em homenagem ao centenário de nascimento de José Lourenço, aconteceu na memorável noite de 12 de julho, na sede do Grebal (Grêmio Barramansense de Letras). Mais de cem pessoas, entre familiares e autoridades, prestigiaram o evento que com certeza ficará na memória daqueles que estiveram ali para o lançamento da obra que reúne tudo, ou quase tudo (na poesia), desse grande nome da literatura e da imprensa regional que contribuiu muito para que a cultura fosse feita e divulgada.
Dentre inúmeras falas, comentários e agradecimentos, este colunista foi convidado para ler o seu comentário sobre José Lourenço e o livro em questão (segue abaixo), que por sua vez foi muito aplaudido e recebido com alegria por todos, principalmente pelos familiares do homenageado que compareceram em massa.
A bonita noite teve ainda interpretações de textos do autor, feitas pelo poeta declamador Menulfo Nery Bezerra e pela Cia. de Teatro Granada com performances que contagiaram o público. Após a solenidade, todos se confraternizam com um delicioso coquetel e música ao vivo.
Alguns pontos altos do lançamento
Descerramento do quadro com a foto do homenageado, pelo presidente do Grebal,
José Fleming e sua vice, professora Matilde Diniz Lacerda, e pelo prefeito Jonas Marins
Composição da mesa por autoridades, incluindo
a viúva do autor, Guiomar Lourenço (de rosa), de 95 anos
Este colunista com a viúva do homenageado, Guiomar Lourenço
Este colunista e poeta, que é o segundo secretário do Grebal; o prefeito
Jonas Marins; e a advogada Silvana Lobo, da Biblioteca Municipal
José Lourenço, um canteiros de saudades (1913-1995)
Ouvir ou ler os escritos desse autor de multifacetas é desnudar a alma em versos melodiosos de uma grandeza profunda. Também, pudera, nascido aos 11 de junho de 1913 em Floriano, distrito de Barra Mansa, às vésperas do Dia de Santo Antônio, mês das festas juninas, de foguetos, danças e músicas... Deu-se, quem sabe? Os sons latentes e a escrita poeticamente correta em sua obra, prova disso são os seus belos sonetos e trovas perfeitos em rimas e métricas.
Por meio do meu amigo inesquecível, incentivador e parceiro na arte poética, Pedro Viana Filho, que me presenteou com os seus livros: "Canteiro de saudades" (1967), "Cantigas que o vento leva" e "Jardim sombrio" (ambos de 1973). Pude então conhecer as trovas e os sonetos desse magnífico escritor.
Pedro exaltava-o com maestria, grandiosidade, bravura e sabedoria, pois ele foi seu "Pai na trova e no soneto", ensinou-o e incentivou-o a desenvolver essas modalidades da literatura. José Lourenço prefaciou o livro de estreia do vate, intitulado: "Minhas trovas mais queridas", de 1975.
José Lourenço é do naipe de grandes nomes da trova e do soneto no Brasil, que aplaudiram e reconheceram o seu mérito, tais como: Aparício Fernandes, Luiz Otávio, J. G. de Araújo Jorge, e, claro, os contemporâneos de sua plêiade: Francisco Nogueira, Expedito Pereira, Oswaldo e Osório Porto, Nilton Rangel, Wilson Montemór, J. M. do Lago Leal, Evandro Sarmento, Pedro Viana Filho, dentre outros.
Poeta e prosador versátil, cantou o amor em suas plenitudes, com suas diversas matizes, abordou temas tocantes: a saudade, a dor, a ilusão, o sonho, a felicidade etc...
Fez da poesia uma grande e vasta procura, expressava sua experiência com sentido construtor e imenso discernimento poético.
Poeta com tendências parnasianas e trovador com temas mesclados foi premiado em concursos literários e jogos florais. Pertenceu a várias instituições.
Autodidata, foi jornalista, redator, revisor, editor, contista, radialista, produtor, apresentador e professor.
"Mergulho na saudade" é um título bem sugestivo, ou melhor, é um resgate da obra desse grande mestre que estava fora do alcance das novas gerações, por falta, justamente, de uma nova (ou terceira edição) dos seus tesouros poéticos que estavam adormecidos, guardados nas páginas amarelas das antigas edições do autor, feitas em uma época de dificuldades. Mestre Lourenço não legou muitos títulos na literatura, mas o pouco que deixou é uma prova mais do que suficiente que qualidade não é quantidade, isso comprovamos a cada página, a cada trova, a cada soneto... Desse diário poético que é um testamento rico pra ser lido, relido e guardado pra futuras gerações!..
Então, devemos celebrar o centenário de seu nascimento com jubilo, fazendo ressurgir das cinzas esse grande nome da literatura e da imprensa regional que estava adormecido, ou melhor, quase esquecido, como muitos de nossos artistas que já se foram e vão!..