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Vida e Sociedade

Leone Rocha

leone.rocha@gmail.com

Máquinas de Consumir

(R)existir

Estamos num mundo onde somente descansa quem trabalha sem fim para satisfazer seus desejos insaciáveis

Colunistas  –  19/05/2023 20:04

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(Foto Ilustrativa)

Quando percebemos que temos que lutar contra mecanismos de dominação que buscam manipular
nossa vontade contra nós mesmos, ganhamos força, empoderamento, e nos tornamos aptos
a assenhorearmo-nos de nossas vidas

 

A vida trata-se de existir ou resistir? A quantos impulsos, desejos, vontades, temos que dizer não para podermos viver bem em sociedade? A espécie humana produz indivíduos sociais que precisam impor limites a sua liberdade para o convívio minimamente harmônico entre estes, e isso requer um grande esforço de resistência a todas essas demandas volitivas que manifestamos, esforço esse que eleva a condição de resistência a talvez ser a principal característica do empreendimento humano.

Contudo, quando, por vezes, paramos para refletir, quanto de nossas necessidades não poderiam ser postas em segundo plano? Quanto de nossos esforços para satisfazermos nossas vontades não poderiam ser postos a serviço de interesses mais elevados? Nos tornamos máquinas de desejar, de consumir, de querer.

Isso não ocorre à toa. O sistema todo no qual estamos inseridos opera nessa lógica. Nos vemos forçados a entrar num ciclo de progresso infinito como único meio de obter paz. Estamos num mundo onde somente descansa quem trabalha sem fim para satisfazer seus desejos insaciáveis.

Talvez precisemos mudar o foco da resistência. Não mais o esforço para controlar nossos desejos, nossos impulsos, mas, sim, resistir a toda a lógica sistêmica de dominação que existe. Torna-se mais administrável controlar nossas emoções por esse prisma. Quando percebemos que temos que lutar contra mecanismos de dominação que buscam manipular nossa vontade contra nós mesmos, ganhamos força, empoderamento, e nos tornamos aptos a assenhorearmo-nos de nossas vidas. E essa medida pode ser aplicada a outras formas de dominação como nas relações de gênero e raciais.

Enfim, precisamos (R)existir. Unir nossa existência com a resistência daqueles que buscam a elevação de uma vida com propósito, livre de determinações impostas por instâncias que visam apenas a satisfação de gozos egoístas e fugazes, que não duram mais que um breve instante fugidio. 

 

Por Leone Rocha  –  leone.rocha@gmail.com

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