
(Foto Ilustrativa)
Eu já havia visto essa velhinha, mas não podia acreditar que fosse a mesma da foto
Uma tarde chuvosa do mês de junho, eu estava em uma livraria no centro de Curitiba e como já havia falado com o gerente de meu desejo de conhecer outros escritores, ele se aproximou e perguntou:
- Conhece a senhora H?
- Não.
- Ela está na loja e também edita livros em São Paulo, essa obra é da senhora H. E assinalou um livro da prateleira.
Peguei o livro, comecei a folheá-lo e vi na orelha a foto da autora. Decidi apresentar-me e falar com ela. Caminhei pela loja, mas não vi a senhora.
Aproximei-me do gerente e perguntei:
- Não encontro a senhora H... Ela já se foi?
- Não, está lá!
- Onde?
- Perto da coluna, assinalou, é aquela senhora vestida com blusa azul.
Eu já havia visto essa velhinha, mas não podia acreditar que fosse a mesma da foto.
Aproximei-me. Disse quem era, que também escrevia e que desejava falar com outros autores.
- Não a reconheci porque a foto que colocaram no livro é antiga... (tive a ingenuidade de falar).
Ela olhou-me irritada.
- Essa é uma foto recente!
Eu fiquei encabulada, não sabia o que dizer. Realmente, a mulher da fotografia com pele perfeita, olhar e postura firme, e essa senhora idosa, encurvada, com rugas e manchas no rosto... Serei honesta, não me pareceram a mesma pessoa.
Um silêncio quase mortal estendeu-se entre as duas.
- Foi um prazer, agora tenho um compromisso - disse eu.
Ela, zangada, virou-se para a prateleira e continuou olhando os livros.
O gerente, que se havia aproximado, entendeu a situação, seguiu-me até a porta da loja e murmurou:
- Não se preocupe, nem a própria filha a reconheceu nessa foto.