
(Foto Ilustrativa)
Se o ser humano não fosse maleável, modificável, as próprias instituições como as Igrejas não teriam público para sua pregação, pois é confiando na mudança de comportamento, na conversão, que o Cristianismo, desde o seu tempo primitivo, apostou na sua difusão
A humanidade, de tempos em tempos, é assolada por desastres naturais de grandes magnitudes, como o Furacão Milton nos Estados Unidos, ou por desastres sociais como a Guerra no Oriente Médio. Isso demonstra a peculiaridade da natureza humana, um animal social, considerado assim desde Aristóteles e confirmado pelas mais recentes pesquisas em neurociências, arqueologia e antropologia. Nosso cérebro é um cérebro social. Ele atingiu o tamanho, o peso, a complexidade que possui simultaneamente ao desenvolvimento da linguagem e da sociedade humana como demonstram autores como o antropólogo americano Clifford Geertz em “Interpretação das Culturas” (Editora LTC), e o arqueólogo Steven Mithen em “A Pré-História da Mente” (Editora Unesp). Essa caracterização vai mais além e afirma que até mesmo nosso gênero é construído socialmente, como nos diz Judith Butler em “Problemas de Gênero” (Editora Civilização Brasileira).
Considerar o ser humano como um animal social, moldado pelas construções simbólicas do contexto cultural no qual ele está inserido e foi educado, abre as portas para a consideração da relatividade de nossos comportamentos e ao mesmo tempo possibilita o questionamento daqueles princípios modeladores organizacionais coletivos que não são adaptativos, que travam o desenvolvimento pleno da totalidade dos viventes em sociedade, sejam os da maioria, ou os da minoria, que comumente sofrem com modelos estagnados de comportamento que geralmente se apegam a princípios retrógrados e fixos do passado que não servem mais no contexto presente.
Se o ser humano não fosse maleável, modificável, as próprias instituições como as Igrejas não teriam público para sua pregação, pois é confiando na mudança de comportamento, na conversão, que o Cristianismo, desde o seu tempo primitivo, apostou na sua difusão.
Assim, devemos confiar na capacidade do ser humano de se transformar, se reinventar. Quando Jesus afirma que devemos perdoar 70 x 7 vezes, talvez ele esteja dizendo que não devemos desistir de ninguém, pois a possibilidade de mudança, de adaptação, de recomeço, de reajuste é inerente a toda pessoa! Basta que acreditemos nisso e não desistamos de nós mesmos, pois um dia a transformação chega.