
(Foto Ilustrativa)
A todo momento somos confrontados entre o que “queremos” fazer e o que “devemos” fazer
A vida não é fácil, todos nós sabemos. Nem nunca será. A complexidade do mundo parece crescer cada vez mais com o tempo. A tecnologia que supostamente deveria facilitar as coisas somente acelera ainda mais o ritmo de vida. O custo da existência está exorbitante. Conseguir um bom emprego necessita cada vez mais qualificação e empreender não é pra todos. Enfim, viver é isso: “matar um leão por dia”.
Não bastasse a dificuldade, temos que lidar com nossas inseguranças. “Somos bons o suficiente?”; “Vamos dar conta das coisas?”; “Vamos falhar com nossos compromissos?”; e por aí vai. Clínicas de psicólogos, psiquiatras estão cheias. Diagnósticos são prescritos todos os dias. Uma verdadeira indústria da psiquê formou-se por que estamos necessitando cada mais de suporte medicamentoso para dar conta de viver.
Contudo, há uma coisa. Lá no fundo, bem lá no fundo, alguns de nós têm que lidar com um sentido pernicioso, que corrói nossas entranhas e bloqueia nossas ações. O sentimento de que “queria que tudo fosse fácil”. Um sentimento que nos leva à procrastinação; a querer fazer somente o que interessa; e responde por grande parte de nossas inseguranças. Ao menos eu tenho um pouco desse sentimento.
A luta entre o prazer e o dever é um tema clássico nos estudos de Freud. O princípio do prazer e o princípio de realidade disputam nossas ações. Zygmunt Bauman (1925 - 2017), sociólogo e filósofo polonês, afirma que na sociedade atual pós-moderna existe um conflito entre segurança e liberdade, causando um mal-estar. A segurança traz o tédio, e a vida livre traz insônia.
Assim, a todo momento somos confrontados entre o que “queremos” fazer e o que “devemos” fazer. Posso dizer uma coisa. Assim como tenho tendência a querer fazer apenas o que quero, minha vida somente avançou depois que comecei a cumprir com meus deveres e encarar a vida com seriedade e compromisso. Com meu histórico de TDAH e Transtorno Bipolar, ainda tenho muitas inseguranças quanto ao meu futuro e tendências à procrastinação, mas já sei o caminho e quero cada vez mais crescer nele, pois é somente no trabalho cumprido com diligência e no dever bem executado é que crescemos e evoluímos como ser humano.