
(Foto Ilustrativa)
Do legado da escravidão e da concentração de terras à persistência do racismo estrutural e das assimetrias de poder no capitalismo contemporâneo, a sociedade brasileira continua a ser moldada por forças históricas
A desigualdade social é uma marca indelével na história e na estrutura do Brasil, persistindo como um dos maiores desafios para o desenvolvimento pleno do país. Compreender suas origens é fundamental para delinear caminhos rumo a uma sociedade mais justa e equitativa. Essa complexidade, que se manifesta em abismos socioeconômicos, raciais e regionais, tem sido objeto de profunda análise por importantes cientistas sociais brasileiros, tanto do passado quanto do presente.
As sementes da desigualdade foram lançadas no período colonial, com a implantação de um sistema econômico e social baseado na exploração da terra e do trabalho escravizado. A escravidão, que durou mais de três séculos, não apenas forjou uma hierarquia racial rígida, mas também consolidou uma estrutura fundiária extremamente concentrada, com vastas propriedades nas mãos de poucos e a massa da população destituída de qualquer posse. Cientistas sociais como Caio Prado Júnior, em sua obra seminal "Formação do Brasil Contemporâneo", e Celso Furtado, com "Formação Econômica do Brasil", foram pioneiros em demonstrar como esse legado escravocrata e latifundiário moldou a economia e a sociedade brasileira, perpetuando privilégios e marginalizando grande parte da população.
A transição para a República e o subsequente processo de industrialização não alteraram substancialmente essa matriz de desigualdade. Pelo contrário, em muitos aspectos, as disparidades foram reforçadas. A urbanização acelerada, sem políticas de inclusão adequadas, resultou na formação de grandes cidades com bolsões de pobreza e favelas, evidenciando a persistência da segregação socioespacial. Florestan Fernandes, um dos maiores sociólogos brasileiros, em trabalhos como "A Revolução Burguesa no Brasil", demonstrou como o desenvolvimento capitalista brasileiro se deu de forma "conservadora", sem romper com as estruturas de dominação herdadas do passado. Ele argumentou que a modernização não se traduziu em maior igualdade, mas sim na reprodução das antigas iniquidades sob novas roupagens.
No cenário contemporâneo, a desigualdade no Brasil continua a ser um tema central para a pesquisa social. Pensadores como Jessé Souza, com obras como "A Elite do Atraso: Da Escravidão à Lava Jato", têm explorado as nuances da persistência da desigualdade, focando na formação de uma "elite rentista" que se beneficia da manutenção de privilégias e da exploração do trabalho. Souza argumenta que a desigualdade no Brasil não é meramente uma questão de pobreza, mas sim de uma complexa teia de dominação que envolve aspectos econômicos, sociais e simbólicos.
Outros cientistas sociais contemporâneos, como Lélia Gonzalez, antes de seu falecimento, e mais recentemente Djamila Ribeiro, têm enfatizado a centralidade da questão racial na compreensão da desigualdade brasileira. Elas destacam como o racismo estrutural e institucional perpetua a exclusão da população negra, impactando diretamente seu acesso à educação, saúde, moradia e oportunidades de trabalho. A desigualdade de gênero também é um campo de estudo crucial, com pesquisadoras como Debora Diniz abordando as múltiplas dimensões das desvantagens enfrentadas pelas mulheres no país.
Em suma, as origens da desigualdade no Brasil são multifacetadas, enraizadas em séculos de exploração e privilégio. Do legado da escravidão e da concentração de terras à persistência do racismo estrutural e das assimetrias de poder no capitalismo contemporâneo, a sociedade brasileira continua a ser moldada por essas forças históricas. O trabalho incansável de cientistas sociais, do passado e do presente, é fundamental para desvendar essas complexidades e, assim, iluminar os caminhos para um futuro em que a igualdade seja não apenas um ideal, mas uma realidade para todos os brasileiros.
> Texto gerado com o Gemini, IA do Google, e revisado pelo colunista.