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Vida e Sociedade

Leone Rocha

leone.rocha@gmail.com

Verdade Sombria

O ódio ao outro

Podemos canalizar mais nossas intenções para o bem comum, para o entendimento mútuo; isso somente vem pelo exercício diário e constante, pela prática fiel

Colunistas  –  18/08/2025 19:09

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(Foto Ilustrativa)

Primeiramente devemos aceitar que há o que mudar e depois iniciar a jornada da mudança. É possível. Dar o primeiro passo rumo a empatia e não voltar atrás!

 

Desde meados do século XIX Karl Marx anunciava que uma sombra rondava a Europa. Ele se referia então à sombra do comunismo. Essa sombra passou, e o século XX viu surgir a sombra do fascismo, do ódio deliberado ao outro. Parece que tal sombra teima em assombrar não mais a Europa, mas toda a vida no Globo.

Conforme a economia de mercado ganhou fronteiras, o individualismo também se fortaleceu. Quem trabalha, vende e compra são indivíduos. Homens de diversas classes e cada vez mais, mulheres também, começaram a reivindicar seus direitos, suas liberdades. Nessas esteira entraram - graças a Deus! - as mais diversas minorias: negros, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, migrantes, etc., indo além do corte econômico de antes, privilegiando aspectos étnicos e culturais desta vez.

Então, esse movimento libertário teve uma contrapartida. Correlato a isso, houve a diminuição das fronteiras dos Estados nacionais; elas se tornaram líquidas, porosas, fluídas. O vai e vem de estrangeiros de diversos países e matizes constrangeram o cidadão branco classe média dos países dominantes. A cultura queer desafiando padrões estabelecidos há gerações; as birras da criança autista no restaurante fino; o negro bem sucedido como seu patrão… Enfim, esses acontecimentos despertaram reações nas camadas mais tradicionais da sociedade e despertaram - ou mantiveram de outra forma - o jurássico ódio ao outro.

Sentimento natural e instintivo: o que nos é diferente nos causa repulsa. Mas isso é animal. Humano, demasiado humano e civilizado é estabelecer pontes de empatia e reconhecimento entre os seres humanos das mais diversas categorias e gêneros, cores, classes, potencialidades. Enxergar o que há de comum em todos nós nas múltiplas diferenças existentes talvez seja a grande genialidade a qual um ser humano possa almejar, mas a menos cobiçada. Na maioria das vezes desejamos aquele carrão que cruza ao nosso lado ou aquele conjunto de roupa na vitrine quando vamos ao shopping. Um dia chegamos lá. Não podemos desistir de nós mesmos na caminhada rumo à elevação.

Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, já disse o mestre Lulu Santos. Sabe, vontade até que tem, e muita. Mas: “Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?”, também já disseram os Titãs. Podemos canalizar mais nossas intenções para o bem comum, para o entendimento mútuo. Isso somente vem pelo exercício diário e constante, pela prática fiel. Primeiramente devemos aceitar que há o que mudar e depois iniciar a jornada da mudança. É possível. Dar o primeiro passo rumo a empatia e não voltar atrás! 

 

Por Leone Rocha  –  leone.rocha@gmail.com

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