(Fotos: Divulgação)
Produção da HBO com Gabriel Byrne como o terapeuta Paul Weston foi um trabalho
maravilhoso (ele ganhou vários prêmios pela atuação), com diálogos muito bem construídos
Muitas chamadas nos canais Globosat, badalação nas redes sociais e divulgação bem direcionada na imprensa em geral - inclusive, com exibição de dois episódios uma semana antes para a mídia especializada - criaram uma grande expectativa em torno da estreia de “Sessão de terapia”, adaptação brasileira da série israelense “BeTipul”, de Hagai Levi. A série começou a chamar a atenção do público depois do grande sucesso produzido e exibido pela HBO: “In treatment”. O que vi no primeiro episódio me agradou bastante, como na adaptação americana, que gostei muito. A série tem hoje mais de 30 versões sendo exibidas pelo mundo, praticamente seguindo o mesmo texto e dinâmica dos atores numa ambientação semelhante, onde a cada dia é mostrada a face de um paciente.
A produção da HBO com Gabriel Byrne como o terapeuta Paul Weston foi um trabalho maravilhoso (ele ganhou vários prêmios pela atuação), com diálogos muito bem construídos. “In treatment” estreou em 2008, adaptando as duas temporadas produzidas em Israel. Em 2010, a terceira e última temporada teve roteiros originais. O mesmo está sendo feito aqui: roteiros idênticos, mas com alterações culturais plausíveis para que o público assimile e se identifique. Exemplo disso é que no original israelense um dos pacientes era um piloto militar, que bombardeou e matou civis palestinos em Gaza. Na versão americana foi apresentado um piloto militar que bombardeou e matou civis no Iraque. Já aqui o personagem Breno Dantas (Sérgio Guizé) é um atirador de elite da polícia que acidentalmente matou uma criança durante uma operação em São Paulo.
Poucos movimentos de câmera
Breno (Sérgio Guizé) é um atirador de elite da polícia que
acidentalmente matou uma criança durante uma operação em São Paulo
Por meio da dinâmica de cada episódio com o clássico encontro terapeuta/paciente, vão ser mostrados os medos, sonhos e traumas mais obscuros de cada um, seguindo o ritmo das palavras - e algumas vezes do silêncio - num consultório de psicanálise - sem externas ou flashbacks - com poucos movimentos de câmera.
O clima, que fica centrado nos rostos dos atores mostrados em planos fechados quase todo o tempo, é o que se vê, com destaque para a interpretação impecável do ator Zécarlos Machado na pele do psicanalista Theo, um homem de 55 anos, casado com Clarice (Maria Luisa Mendonça), que acha que ele se dedica demais aos pacientes. Durante 45 episódios vamos acompanhar o tratamento de Júlia (anestesiologista, apaixonada por Theo, o que vai render muita tensão e intensidade na trama), Breno (atirador de elite da polícia), Nina (ginasta com problemas comportamentais) e do casal Ana e João (em conflito por causa de uma gravidez indesejada).
As histórias não interagem
O interessante é que você pode acompanhar todos os dias ou optar por um caso ou outro. Ou até mesmo apenas as sessões do próprio Theo, que depois da carga emocional pesada de seus pacientes, também vai em busca de alívio e respostas com sua psicóloga Dora Aguiar, vivida por Selma Egrei. As histórias dos personagens não interagem em momento algum.
O grande barato da proposta do autor Hagai Levi é oferecer ao público uma sessão de terapia inteira, sem interrupção. A adaptação brasileira é do produtor e diretor Roberto d’Avila e tem 28 minutos de duração. A abordagem puramente intimista, surpreendeu a crítica internacional, por ter agradado tanto em diferentes países. Hagai Levi quis provar que nem sempre são necessários milhões de dólares investidos em um cenário fantástico para se conseguir uma produção de alto nível, e que podia se fazer algo diferente de tudo em relação ao tema, mostrado apenas em cenas isoladas.
Selton Mello por trás das câmeras
Depois de uma carreira consolidada como ator,
Selton parece estar pisando em solo firme e conhecido, sem tropeços
Mas além de texto e atuação satisfatória dos atores, a direção é a espinha dorsal de qualquer produção. E “Sessão de terapia” tem Selton Mello por trás das câmeras. Depois de uma carreira consolidada como ator, Selton parece estar pisando em solo firme e conhecido, sem tropeços, seguindo com uma abordagem leve. Segundo ele, “esta é uma série para quem não tem pressa, para gente sensível que quer se conhecer melhor.” Afinal, todos nós já passamos por situações de medo, dificuldades e inseguranças. Por isso, Selton aposta, haverá uma grande empatia do telespectador na condição de observador da progressão de cada paciente.
“Sessão de terapia” tem exibição de segunda a sexta-feira, no GNT, às 22h30. A cada dia serão contados os dramas de um paciente. Além do ator Zécarlos Machado, o elenco conta com Maria Fernanda Cândido, Sérgio Guizé, Bianca Muller, Mariana Lima, André Frateschi, Maria Luisa Mendonça e Selma Egrei.
> Aqui você acompanha tudo da série.