(Fotos: Divulgação)
Renato Barozzi com o seu saudoso pai, Vicente Paulo Cassimiro (14/7/1955 - 3/8/2013)
Renato Barozzi nasceu em Volta Redonda, no dia 1 de novembro de 1975. Seus pais se chamam Vicente Paulo Cassimiro e Nelly Barozzi Cassimiro. Passou a infância na Vila Santa Cecília e, naquela época, ainda era possível pescar e se banhar no Rio Brandão. A mata da Cicuta era o seu quintal.
- O bairro Vila Rica não existia e nós íamos para lá pegar passarinho e tomar banho de rio - lembra.
Como teve infância e adolescência dedicadas ao esporte, sua vida escolar sofreu algumas descontinuidades. Estudou em bons colégios, como Macedo Soares e Getúlio Vargas.
- Foi emocionante passar na prova para a 5ª série no Getúlio Vargas. Aos 20 anos, quando abandonei a carreira de atleta, dediquei-me de corpo e alma a buscar uma formação - conta.
Graduou-se, pós-graduou-se e fez mestrado
Hoje é administrador, historiador, professor universitário e funcionário da Caixa Econômica Federal, empresa cuja missão e valores estão arraigados no seu cotidiano e onde é muito feliz. Casou-se com Cristiane aos 23 anos. Ela tinha apenas 22. Segundo ele, essa foi a decisão mais correta que já tomou em toda a sua vida. Tem dois filhos maravilhosos.
- A Alice e o Artur dão sentido à minha vida. Tudo o que faço é pensando neles. Sou um marido e pai muito feliz por ter a família que tenho - enfatiza.
Introspectivo, aprendeu com a vó paterna sempre ouvir mais do que falar. Sempre cultivou o hábito de ficar sozinho e pensar. A partir dos 13 anos ouvia música, lia e escrevia. Nessa época eram os poemas que frequentavam sua escrita. Aos 17 anos lia parábolas nos evangelhos e escrevia suas próprias interpretações para aquelas passagens. A "Bíblia" é um livro riquíssimo e a atividade de interpretá-la lhe ajudou sobremaneira a amadurecer sem precisar cometer muitos erros.
- Enquanto muitos aprendiam com a "vida", eu aprendia com a experiência dos outros e com a leitura - fala.
Depois veio uma tentativa de manter um diário, que abandonou, mas o ato de registrar o dia a dia, os sentimentos e os fatos mais comuns, o levou para a crônica. Gênero que passou a admirar e praticar juntamente com a poesia.
Os autores que povoaram sua mente desde o início foram Drummond, Graciliano Ramos, Vinícius de Moraes, Machado de Assis, Voltaire, Bernard Shaw, Proust, Ferreira Gullar, Oswald de Andrade, entre outros.
Sempre opinando o balbuciando galhofas
Barozzi em um momento de descontração
e esporte, ladeado pelos filhos Alice e Artur
É, desde 20 de novembro de 2012, integrante da Academia Voltarredondense de Letras. Participou de alguns concursos culturais promovidos pela Fenae (Federação Nacional dos Economiários da Caixa). Teve uma poesia selecionada e publicada num livro contendo as 30 melhores composições. Já teve blog, mas está impossibilitado de praticar uma atualização diária, por isso não o utiliza. Já teve trabalhos publicados em alguns veículos de comunicação da região, mas no momento conta com o OLHO VIVO e o jornal "Folha do Aço" para emitir opiniões e balbuciar galhofas.
Aprecia a liberdade, a escrita leve e bem humorada, a investigação dos sentimentos e a lucidez para revelar o oculto.
Acha que a vida e a poesia se misturam. Pensa que o equilíbrio de uma vida calcada na harmonia da métrica poética em conjunto com a intensidade dos sentimentos, abstrações e criatividade nos diversos momentos vividos, sejam eles íntimos, sociais ou profissionais, é a receita perfeita para passarmos bem por este mundo.
Aprendeu a valorizar e comemorar os bons momentos, como o casamento, o nascimento dos filhos, a notícia da escolha de sua poesia no XII Concurso Nacional PoeArt de Literatura 2013, no qual foi um dos cinco primeiros colocados na Categoria Verso Livre.
"A cultura vive uma fragmentação muito grande"
O poeta e sua amada Cristiane, durante a posse na AVL
Atento, pensa que a cultura vive uma fragmentação muito grande.
- Antes nós tínhamos que ler os clássicos da literatura. Hoje deve-se continuar lendo, mas há uma série de outros conhecimentos que também precisam ser absorvidos. Isso é fruto da tecnologia, interatividade e ubiquidade a que estamos expostos. O risco que se corre é nos perdermos diante do mosaico de opções que se coloca e não valorizarmos o essencial. A literatura contemporânea incorporou essas mudanças. Vemos uma linguagem mais curta e direta. Já não é tão enigmática, mas marcante e impactante desde as primeiras linhas - diz.
Há pontos positivos, mas fica reticente com a tendência de se transformar tudo em entretenimento. Acredita que o autor deve, sem dúvida, se abrir para o mundo, mas, a velha poltroninha a meia luz e uma mente questionadora ainda é indissociável para a construção do pensamento.
- A cultura de maneira geral abrange temas e perspectivas diversas. Temos literatura, arte, dança, teatro, música, entre outras formas de expressão. O que não podemos conceber diante deste "admirável mundo novo" é negligenciar o peso da literatura para a construção/instrução cultural das crianças e jovens. Quanto à educação no Brasil, basta olhar nossos índices de produtividade nos últimos 20 anos para se perceber que estamos num velório - ressalta.
Vê com bons olhos a democracia digital, onde é promovido o acesso ao que já existe e a possibilidade de autores novos mostrarem seus trabalhos. Quanto à discussão sobre a extinção do livro físico, diz, mesmo que isso aconteça, terá sempre um embaixo do braço.
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Olho no Olho
> Frustração - Não ter se realizado como atleta, apesar de todas as condições físicas e técnicas.
> Realizações - Elas acontecem com o findar de cada dia, quando deito em sua cama e agradeço a Deus por tudo que sou, pelo meu trabalho, amigos e família.
> Deus - Ele está no comando. O coração do homem faz planos, mas a resposta vem da boca de Deus. Gosto muito do versículo que diz: "O temor de Deus é o princípio da sabedoria".
> Vida - Ou seria valorizar/irradiar/doar/amar.
> Universo - Nos impele à humildade e ao respeito ao cosmos, pois sempre queremos ser maiores e conquistarmos mais do que já temos.
> Morte - Mistério, paz e amor eterno. Perdi o meu pai no ano passado. É redundante dizer que me ensinou muita coisa boa. Sempre muito carinhoso e piadista, contagiava a todos. Há uma frase numa música do Arnaldo Antunes que resumiria bem meu querido pai: "Só é seu aquilo que você dá". Meu pai me deu tudo que ele tinha: amor, carinho e compreensão. Agradeço ao meu pai por tudo isso.
> Autores iniciantes - Tenham bom humor e escrevam diariamente.
> Pensamento que usa como lema - "Há homens que lutam um dia, e são bons; Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis". (Bertold Brecht)
> Concursos literários - Os concursos como os realizados pela PoeArt Editora de Volta Redonda são um grande incentivo. Participei e tive a grata surpresa de estar entre os primeiros. São iniciativas como esta que encorajam e revelam talentos e aptidões. Esse é um dos benefícios que a facilidade nas comunicações nos proporcionou. Percebo que são autores de todo o país. Concursos como este servem para mostrar que "ninguém é uma ilha". Parabéns a todos. Tenho grande gratidão e apreço literário por essa missão tão prazerosa e gratificante de organizar, editar, descobrir e incentivar os novos autores.
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Um texto do autor para o nosso deleite
Ode a amizade*
Estou implexo em recordações,
As quais me sobrevêm quando olho a janela.
Vem lá de fora o sussurro do vento,
Que sopra aos ouvidos dos galhos,
Convidando-os ao acasalamento.
Os amigos algures estão,
Enquanto eu, em nenhures estarei sem levá-los comigo,
Ainda que seja no fundo do peito,
Tendo o sentimento por pleito,
Qual flor vernante,
Que germina no coração.
Lá fora continua o festim licencioso,
Entre o vento, a lua e os vegetais.
Enquanto em meu vergel interior,
Floresce a amizade, a saudade e o amor.
O vinho, o pão, o vizinho e a canção,
O sol, a lua, o futebol e a rua,
O sabor, a arte, o amor e a amizade
São o que nos resta com o chegar da idade.
Mas de tudo isso que tenho dito,
De tudo o mais bonito,
Sem alvoroço ou alarde,
De tudo, guarde a amizade.
* Essa poesia foi uma das dez primeiras colocadas no XII Concurso Nacional PoeArt de Literatura 2013, Categoria Verso Livre. Compõe o livro "Vozes de aço XIV", da PoeArt Editora de Volta Redonda, editado em novembro de 2013. Por esse mérito é um poeta convidado do livro "Vozes de aço XV", que será editado este ano, depois do resultado do XIII Concurso Nacional PoeArt de Literatura 2013.