(Foto: Jean Carlos Gomes)
Juliano Carrupt é autor de "Fagundes Varela, Poeta!", uma bem-vinda revaloração do mestre
Nascido em Volta Redonda, esse grande talentoso escritor/professor, que há tempos tenho o privilégio de ter sua amizade sincera, hoje, depois de mais de dez anos de dedicação com muito afinco nas letras, podemos agora conhecer um pouco dessas preciosidades que servirão para nossos conhecimentos e pensamentos:
Esta dissertação desenvolve a crítica sobre a construção narrativa do romance "Úrsula" (1859), demonstrando que a mulher e o negro, como personagens, desorganizam o mandonismo patriarcal e escravocrata vigente na cultura e literatura brasileiras do século XIX. A contribuição de Maria Firmina dos Reis para a visibilidade feminina e a elaboração da identidade africana do negro escravo está ligada ao travejamento discursivo da estética romântica. A investigação se concentra no modo que o romance se constrói, na distribuição de vozes que tecem o encadeamento narrativo. A estratégia do deslocamento do poder efetuado pela narradora, através de seu recurso estilístico, cria o efeito estético que se harmoniza à concepção ideológica localizando a mulher e o negro como personagens não cordiais em relação aos senhores da terra.
O que singulariza "Fagundes Varela, Poeta!", de Juliano Carrupt do Nascimento, é não apenas a leitura atenta e apaixonada da poesia de Varela, mas o cuidado concedido à fortuna crítica do desafortunado escritor. Assim, estabelece-se um concerto a vários instrumentos, em que o "maestro" Juliano ora enfatiza a voz do vate, ora destaca os solos da crítica, ora intervém, de modo pessoal, sobre um e outros. Pouco a pouco se desenha um panorama em que praticamente nada foi deixado a descoberto. Desfilam no livro questões relativas à biografia do autor, à sua posição no âmbito de nossas letras e aos traços que o distinguem no tocante a temas bastante caros à visão romântica, tais como a celebração do feminino, o louvor à brasilidade e a defesa dos oprimidos. O ensaísta não se exime, aqui e acolá, de apontar impasses na obra do escritor, pois, conforme sabemos, a paixão do estudioso deve ser crítica, e não cega. Este livro representa importante contribuição para resgatar a efetiva relevância de um nome injustiçado de nosso Romantismo, invariavelmente alocado abaixo de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves, Casimiro de Abreu, quando, a rigor, pela qualidade da obra, deveria situar-se, pelo menos, ao lado desses quatro poetas canônicos. É a uma bem-vinda revaloração que "Fagundes Varela, Poeta!" nos convida.
> Antonio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras
Um pouco sobre Carrupt
Graduado, no ano de 2004, em portuguêsliteratura (Ferp-UGB), na cidade de Volta Redonda, onde nasceu e reside. Especialista em literaturas brasileira, portuguesa e africanas pela UFRJ e mestre em literatura brasileira, pela mesma instituição, entre os anos de 2005 a 2009. Doutorando, em literatura comparada, no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (Niterói), cujo início se deu em 2010 tendo como prazo de conclusão o ano de 2014. Autor dos ensaios "A poética inovadora de Gilka Machado" (Revista Garrafa, UFRJ), "Em câmara lenta: A poética da guerrilha" (Revista Terra Roxa e outras Terras, UEL), "A poesia que brinca com a morte: Farewell (1996) de Drummond" (Revista Contexto UFES), "Romances escritos por mulheres do passado: historiografia literária e intervenções culturais" (Revista Eutonimia, UFPE) e do livro "O negro e a mulher em Úrsula de Maria Firmina dos Reis", publicados entre os anos de 2008 a 2011, este encontra-se em dezenas de bibliotecas do Brasil e do exterior.
Atualmente, professor docente I da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, atuando no ensino médio noturno, na cidade de Barra Mansa e no ensino fundamental vespertino, na cidade de Volta Redonda. Autor, também, do estudo, "Para uma poética do ensino aprendizado no Noturno Estado-RJ", referente à sala de aula localizada na Zona Norte (Morro do 18, Morro do Fubá e Morro da Caixa D´água) subúrbio da cidade do Rio de Janeiro e entregue à Coordenadoria Metropolitana III e à Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, ao final do ano letivo de 2012.
Escrevendo sobre as ideologias e as estéticas, mais os veículos de comunicação presentes na obra contista, de Machado de Assis, compreendida entre o período 1858 a 1907, abordando as gerações críticas machadianas e os elementos constituintes da enunciação, daquele autor carioca.
Participação em congresso e seminário na Universidad de La República Uruguay e na Universidad de Chile, durante 2009 e 2010, a falar de literatura brasileira. Também já editou dois livros de poesias. É uma pessoa que possui algo primordial que todos os seres humanos deveriam ter sempre: humildade e simplicidade, apesar de ser quase um grande doutor das letras.