
(Fotos: Divulgação)
Qualquer semelhança não é coincidência
"Game of thrones" é uma série exibida desde 2011, mas seu enredo existe desde os primórdios onde a raça humana nem sonhava em se transformar em objeto de ficção.
Durante quase uma hora posso ter o prazer de assistir confortavelmente na poltrona, diante da TV, as intrigas, trapaças, surpresas bacanas, impunidades e atrocidades medievais tão contemporâneas.
É como se visse lá dentro um resumo dos outros episódios reais das 24 horas dos dias que habito. E também confortavelmente instalada no sofá de mim mesmo. Eles é que se devorem entre si. O tempo de provar alguma coisa para o mundo passou por aqui e não deixou saudades. Por isso este descanso, sem culpa nenhuma.
Na ficção a disputa pelo trono de ferro, na realidade a disputa por um mísero lugar num provisório "assento" de aço. Fácil identificação para quem acompanha a saga.
Para quem tem uma legível sensibilidade que detecta os sinais do rolo compressor da eterna luta pelo poder de estar entre o centro das atenções, de poder mandar e exercer o fascínio da autoridade enxertando odientas atitudes prejudiciais a própria saúde emocional, "Game of thrones" oferece uma lista de estratégias para lidar com essas hordas tão presentes, umas de forma invisível, outras escancaradamente a olho nu.
A foto anunciando o retorno da temporada (neste domingo, 12) não poderia ser outra: Tyrion Lannister, não é alto, forte, bonito e nem mocinho. Soube o que é o sofrimento, mas passou as últimas temporadas não dando a mínima para as provocações e desprezos de sua família e da sociedade. Preferiu utilizar a sabedoria do Conhecimento para vencer as ironias impostas pela sua condição física. Tem personagem melhor para enfrentar os enormes dragões reais?
A nova temporada começa justamente no período de transição governamental pelo trono da Cidade do Aço.
Há uma lenda dos fãs da série em torno do autor do livro "Crônicas do gelo e do fogo", que originou a série, George R.R. Martin: Toda vez que um personagem bom se destaca, ele morre no auge dos acontecimentos - a exemplo de Oberyn Martell.
Os maus também, embora demorem e sejam necessários para movimentar a história. Acredito que o autor faz isso de propósito, como se fosse um recado baseado no axioma: "Não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe". Ponto pra ele. Afinal, somos todos perecíveis e no fim da página não sobra ninguém para permanecer no trono, só resta a nós, humildes espectadores, observarmos cada episódio ficcional para contar a história tão real daqueles que obsessivamente insistem em conjugar somente na primeira pessoa o verbo Poder.