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Pura Emoção

Crônicas de afeto e núpcias

Cerimônia de casamento do Rubens e Marcelo trouxe ao mundo mais uma vez a certeza de que a felicidade quando chega não faz alarme, e também não classifica quem é quem

Colunistas  –  09/08/2016 11:54

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(Foto Ilustrativa) 

Decidir viver com alguém é desistir da crença

de tudo aquilo que estava escrito nos contos

de fadas e nos roteiros de filmes açucarados

 

Eu ainda me emociono em casamentos. Pronto falei. Principalmente dentro de uma cerimônia realizada tradicionalmente como ensina o romantismo das flores, da decoração, seleção musical etc. Tudo para celebrar quem se ama. 

Nunca fui muito chegada em classificações. Sabe aquelas palavras usadas para definir a condição de A ou B? Pois é. Neste quesito da vida, passo sem traumas. No começo, bem lá atrás, aprendi a classificação gramatical das palavras por educação. Conheço bem as funções do objeto direto entre tantos verbos intransitivos e por respeito sei aplicá-las. Acho este negócio de classificar gêneros, escolhas, crenças, etnias e até mesmo condições sociais uma ideia tão confusa e segregadora. Nunca parei pra pensar se o indivíduo é preto, branco, amarelo, gay, transexual, gordo, esquerda, direita, judeu, macumbeiro e etc. Definitivamente, com isso não me importo.

Classificar não é a mesma coisa que reconhecer humanidades. 

Sigo um princípio herdado onde o respeito ao próximo não exige muita explicação. A gente existe e pronto. Escutei na infância inteira os ensinamentos de minha avó: “Nada termos a ver com a vida dos outros”, o que permitiu a aceitação de que não sou o centro do mundo e no mesmo planeta eu coexisto junto com milhões e milhões de semelhantes e suas origens. Minhas limitações acerca do raio x do vizinho agregam um estilo de vida que não foi difícil alcançar. Só o tempo é capaz de lapidar maturidades individuais e ele corre o risco de não ter seu download concluído por causa da velocidade líquida que engole nosso raciocínio prático. 

Somos tão demasiadamente humanos, que os erros, os equívocos, os defeitos incorrigíveis e as características positivas de comportamentos são inerentes a todos, e há ainda quem duvide disso. 

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O amor faz festa quando as primeiras convidadas são a empatia, a parceira e a compreensão. Elas chegam e ficam à vontade entre os anfitriões.

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Mas voltando a falar de sentir emoção, a cerimônia de casamento do Rubens e do Marcelo trouxe ao mundo mais uma vez a certeza de que a felicidade quando chega não faz alarme, e, também não “classifica” quem é quem. Ela está pronta para exercer o desafio de ser sentida antes, durante (eis o maior deles) e depois. Decidir viver com alguém é desistir da crença de tudo aquilo que estava escrito nos contos de fadas e nos roteiros de filmes açucarados que pegamos ilusoriamente emprestados quando achamos que cabem em nosso enredo íntimo.

Por isso que hoje a verdade nos garante muito mais do que a utopia das torturas emocionais, foi assim que o encontro dos dois me emocionou (não só a mim, mas em muitos ali presentes). 

Gosto de pessoas por serem pessoas, apenas. Existem e estão aí para nos ensinar alguma coisa útil. Sempre convivi com a diversidade e o fascínio pela descoberta que cada infinito particular oferece. O que seriam as dores se não fossem as delícias de sermos quem somos? 

Que vocês sejam muito mais do que felizes, amigos.

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Por Elisa Carvalho  –  elisacarvalho.br@gmail.com

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