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Crônica

Museu de grandes novidades

O novo e o velho se misturam com as antigas lembranças, e uma realidade cada vez mais presente

Colunistas  –  09/10/2016 12:58

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(Foto: Divulgação)

Clara: Personagem de Sônia Braga no filme

"Aquarius", que convive entre um marcante passado

e uma real, e cruel especulação imobiliária

 

Tudo estava no mesmo lugar que sempre esteve. Os discos de vinil da velha vitrola. A velha vitrola sobre um empoeirado móvel. O empoeirado mobiliário, hoje retrô, encostado no canto da sala. 

Os livros, enfileirados, colecionam dedicatórias e páginas amareladas. 

Os álbuns de fotografias amontoados na instante, guardados feito troféus, denunciam a idade. Numa época em que as fotografias tinham data e mania de poucos sorrisos. 

Tudo parecia exatamente igual.
Exceto pelo tempo que não se conservou.
Exceto pela vida que passou.
E que deu lugar aos contrastes. 

O novo e o velho se misturam com as antigas lembranças, e uma realidade cada vez mais presente. 

Não há mais tempo para ouvir um disco inteiro, as leituras vão ficando pela metade e as fotos são quase que, intermináveis. 

Talvez esteja sobrando histórias e falte alguém para contá-las.
Talvez haja muitos protagonistas para poucos espectadores. 

Hoje a vitrola ocupa espaço demais e os álbuns de músicas parecem ficar melhores dentro de um streaming. O verbo baixar nunca foi tão conjugado e aquela canção top songs virou greatest hits. 

Os livros, que estão acumulando poeira, cabem dentro de um e-book. 

Até aprendemos a sorrir para as fotos, além de posar para nós mesmos, em fotografias que foram reduzidas a fotos, e acessadas num touch. 

Pode parecer que muita coisa mudou.
Sim. Mas nem tudo.
E não são os vinis arranhados ou as pessoas, irreconhecíveis, nos retratos.
O que permanece intocável... 

O que nunca vai mudar, verdadeiramente, é a vontade de rememorar uma boa história. 

Abraços meus, até a próxima.

Por Marco Túlio Carvalho  –  mtacarvalho@gmail.com

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