
(Foto Ilustrativa)
No remorso o sujeito enclausura-se em sua dor,
lamentando-se, acreditando não ser merecedor
de nada bom, desistindo de lutar, de libertar-se
Conserta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pegares o último ceitil. (Mateus, V: 25 e 26).
Culpa é a consciência de um erro cometido através de um ato que provocou algum prejuízo, seja material ou moral a si mesmo ou a outrem.
A consciência do erro traz-nos sofrimento. E tal sentimento pode ser vivenciado de duas formas: saudável ou patologicamente.
Chamaremos de culpa saudável aquela que nos leva ao arrependimento sincero e que, embora revestida de dor, impulsiona o ser à reparação.
Na origem da palavra, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente. Ela origina-se do grego metanoia (meta=mudança, noia=mente). Arrependimento quer dizer, portanto, mudança de mentalidade. Temos, então, no processo saudável, primeiro o diagnóstico do erro.
Sem esse, impossível seguirmos adiante sem acumularmos mais débitos.
Pessoas que se mantêm com a consciência adormecida, ao acordar, resgatam dores maiores, acumuladas devido à cegueira espiritual em que se comprazem. Importante ressaltar que nenhum filho está à margem do Amor do Pai Celestial. Todos temos, em diversas oportunidades e em variados contextos, contato com as verdades do Mundo Maior. Preciso é que a boa vontade surja no cenário, sob risco de ficarmos derrapando na estrada evolutiva além do necessário, colhendo dores tardias.
É preciso que exista o arrependimento sincero. Ou seja, a mudança de mentalidade.
Diagnosticamos o erro e não desejamos mais praticá-lo.
Contudo, não ficaremos apenas na luta pela não repetição do mal cometido, sentindo a dor [sentida pela dor causada]. Iremos além: e imprescindível passo, seguiremos em direção à reparação.
Na culpa patológica temos, como resultado, apenas o remorso, num pensamento em circuito fechado, no qual o ser acredita erroneamente que, ao sentir a dor repetida, está pagando pelo mal cometido e resgatando seus débitos.
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Triste ilusão, em que a pessoa que sofre mantém-se parada, autoflagelando-se, sem conseguir libertar-se ou evoluir. Trata-se aqui de um processo de “congelamento mental”, uma trava que leva a sérias patologias da mente e do corpo se não percebidas e alteradas em pouco tempo.
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No remorso o sujeito enclausura-se em sua dor, lamentando-se, acreditando não ser merecedor de nada bom, desistindo de lutar, de reparar para libertar-se. Não consegue perceber a função do erro e da dor na evolução de si próprio, estagnando em águas tormentosas, num continuo sofrer sem sentido.
O remorso o faz sofrer, mas não o liberta. A pessoa fica acomodada na queixa e na lamentação. Mais amadurecida psicologicamente, avançaria pelo caminho do autoperdão e seguiria em direção à reparação.
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último ceitil, ou seja, até que a justiça divina não esteja completamente satisfeita.