Publicidade

Premiação 2026

Reflexão

Arrependimento

É preciso que exista o arrependimento sincero; ou seja, a mudança de mentalidade: diagnosticamos o erro e não desejamos mais praticá-lo

Colunistas  –  21/11/2016 19:16

5700

(Foto Ilustrativa)

No remorso o sujeito enclausura-se em sua dor,

lamentando-se, acreditando não ser merecedor

de nada bom, desistindo de lutar, de libertar-se

 

Conserta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pegares o último ceitil. (Mateus, V: 25 e 26). 

Culpa é a consciência de um erro cometido através de um ato que provocou algum prejuízo, seja material ou moral a si mesmo ou a outrem.

A consciência do erro traz-nos sofrimento. E tal sentimento pode ser vivenciado de duas formas: saudável ou patologicamente.

Chamaremos de culpa saudável aquela que nos leva ao arrependimento sincero e que, embora revestida de dor, impulsiona o ser à reparação.

Na origem da palavra, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente. Ela origina-se do grego metanoia (meta=mudança, noia=mente). Arrependimento quer dizer, portanto, mudança de mentalidade. Temos, então, no processo saudável, primeiro o diagnóstico do erro.

Sem esse, impossível seguirmos adiante sem acumularmos mais débitos.

Pessoas que se mantêm com a consciência adormecida, ao acordar, resgatam dores maiores, acumuladas devido à cegueira espiritual em que se comprazem. Importante ressaltar que nenhum filho está à margem do Amor do Pai Celestial. Todos temos, em diversas oportunidades e em variados contextos, contato com as verdades do Mundo Maior. Preciso é que a boa vontade surja no cenário, sob risco de ficarmos derrapando na estrada evolutiva além do necessário, colhendo dores tardias.

É preciso que exista o arrependimento sincero. Ou seja, a mudança de mentalidade.

Diagnosticamos o erro e não desejamos mais praticá-lo.

Contudo, não ficaremos apenas na luta pela não repetição do mal cometido, sentindo a dor [sentida pela dor causada]. Iremos além: e imprescindível passo, seguiremos em direção à reparação.

Na culpa patológica temos, como resultado, apenas o remorso, num pensamento em circuito fechado, no qual o ser acredita erroneamente que, ao sentir a dor repetida, está pagando pelo mal cometido e resgatando seus débitos. 

______________________________________________________

Triste ilusão, em que a pessoa que sofre mantém-se parada, autoflagelando-se, sem conseguir libertar-se ou evoluir. Trata-se aqui de um processo de “congelamento mental”, uma trava que leva a sérias patologias da mente e do corpo se não percebidas e alteradas em pouco tempo. 

______________________________________________________

No remorso o sujeito enclausura-se em sua dor, lamentando-se, acreditando não ser merecedor de nada bom, desistindo de lutar, de reparar para libertar-se. Não consegue perceber a função do erro e da dor na evolução de si próprio, estagnando em águas tormentosas, num continuo sofrer sem sentido.

O remorso o faz sofrer, mas não o liberta. A pessoa fica acomodada na queixa e na lamentação. Mais amadurecida psicologicamente, avançaria pelo caminho do autoperdão e seguiria em direção à reparação.

Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último ceitil, ou seja, até que a justiça divina não esteja completamente satisfeita.

Por Luiz Sérgio Teixeira Loques  –  luiz.loques@gmail.com

Seja o primeiro a comentar

×

×

×