(Fotos: Arquivo do autor)
O escritor e diplomata João Almino e algumas obras do novo imortal da ABL
A Academia Brasileira de Letras elegeu, quarta-feira, dia 8 de março, o novo ocupante da cadeira 22, na sucessão do acadêmico e médico Ivo Pitanguy, que morreu em 6 de agosto do ano passado. O vencedor, por unanimidade, foi o diplomata e escritor João Almino, que gentilmente concedeu uma entrevista por e-mail a este colunista. Votaram 23 acadêmicos presentes e 10 por cartas. Os ocupantes anteriores da cadeira 22 foram: Medeiros e Albuquerque (fundador) - que escolheu como patrono José Bonifácio, o Moço -, Miguel Osório de Almeida e Luís Viana Filho. Escritor e diplomata, nasceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 1950.
É autor do “Quinteto de Brasília”, composto pelos romances “Idéias para Onde Passar o Fim do Mundo” (indicado para o Prêmio Jabuti, ganhador de Prêmio do Instituto Nacional do Livro e do Prêmio Candango de Literatura), “Samba-Enredo”, “As Cinco Estações do Amor” (Prêmio Casa de las Américas 2003), “O Livro das Emoções” (Record, 2008; finalista do 7º Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009 e finalista do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2009); “Cidade Livre” (Record, 2010; Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2011 de melhor romance publicado no Brasil entre 2009 e 2011; finalista do Jabuti e do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2011) e “Enigmas da Primavera” (Record, 2015; finalista do Prêmio Rio de Literatura 2016 e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2016).
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"Escrevo, claro, para ser lido, mas o número de leitores que possa ter não interfere no meu trabalho".
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Alguns de seus romances estão traduzidos para o inglês, o francês, o espanhol e o italiano. Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e a democracia. Entre esses, incluem-se os livros “Os Democratas Autoritários” (1980), “A Idade do Presente” (1985), “Era uma Vez uma Constituinte” (1985) e “O Segredo e a Informação” (1986).
É também autor de “Naturezas Mortas - A Filosofia Política do Ecologismo” (2004), de Brasil-EUA: “Balanço Poético” (1996), “Escrita em contraponto” (2008) e “O diabrete angélico e o pavão: Enredo e amor possíveis em Brás Cubas” (2009). Doutorou-se em Paris, orientado pelo filósofo Claude Lefort. Ensinou na UNAM (México), UnB, Instituto Rio Branco, Berkeley, Stanford e Universidade de Chicago.
Como se sentiu quando recebeu a notícia de sua eleição para a ABL?
Honrado e muito grato.
O que muda para o escritor essa nova conquista?
É um estímulo à continuação do trabalho. A Academia é uma instituição independente, sem linhas políticas ou estéticas; sem academicismo. Sempre prezou a diversidade e a liberdade de espírito de seus membros.
Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário, em sua opinião, se desenha para a literatura brasileira?
A literatura pode absorver os novos meios de expressão e de comunicação como objeto de seu próprio trabalho, bem como se beneficiar deles para sua expansão.
A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?
Escrevo, claro, para ser lido, mas o número de leitores que possa ter não interfere no meu trabalho.
O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?
É para mim uma necessidade e também uma companhia de todas as horas.
Qual é a função da literatura na sociedade?
Talvez a de humanizar o nosso olhar sobre o mundo.