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Empoderamento Feminino

Genaro, deixe Maria Chiquinha em paz!

Não podemos mais achar normal qualquer tipo de violência, é hora de nos posicionamos e gritar aos quatro cantos que basta

Colunistas  –  01/08/2019 21:15

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(Fotos: Reprodução/Internet)

Música “Maria Chiquinha” (1991) teve letra mudada em nova turnê de Sandy & Junior

 

A nova turnê de Sandy e Junior deu o que falar, fãs enlouquecidos ressurgiram das cinzas feito fênix, resgatando álbuns musicais desde o início da carreira da dupla e se disponibilizando a gastar todas as economias para poderem vivenciar este momento único para eles. Mas, além de todo esse alvoroço, o que se destacou com esse retorno foi a repercussão da mudança do final da música “Maria Chiquinha” (1991). 

A música fala da discussão de um casal, na qual há a suspeita de traição da mulher. Na história o homem vai “encurralando" a parceira e a ameaça cortar-lhe a cabeça e aproveitar do seu corpo depois de morta. A música é cantada de forma bem humorada e cômica, mas o assunto é extremamente sério e precisa ser debatido. No show em Fortaleza, Junior mudou o final da canção, e foi ovacionado quando disse que Maria Chiquinha tinha o direito de fazer o que quisesse, e que não eram aceitáveis as ameaças de Genaro, seu companheiro. Quando um cantor tão influente se mostra sensível a essa realidade, vemos que estamos trilhando o caminho certo, foi lindo saber que os fãs e a plateia o apoiaram e entenderam o recado. 

Há alguns anos as mulheres se sujeitavam a muitas humilhações e abusos porque isso era o esperado de uma boa esposa, e a sociedade tinha isso como normal, mas hoje as coisas estão diferentes, há uma onda muito forte de empoderamento feminino que mostra às mulheres que elas podem fazer o que quiserem e quando quiserem, e não aceitarem viver dentro de um relacionamento onde há abusos e violências. É notório que para uma parcela grande da população masculina, inclusive por conta da doutrinação religiosa fundamentalista, ainda seja difícil lidar com tanto independência feminina, mas daí ferir a mulher com quem dividiu a vida, a mãe de seus filhos, apenas por não poder ter suas vontades contrariadas? Parece algo surreal, mas infelizmente não é, acontece com mulheres distantes e próximas a nós, todos os dias. 

No Brasil, só no ano de 2018, fora as agressões e tentativas de homicídios, 15.925 mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, segundo o Mapa da Violência Contra a Mulher 2018, divulgado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, e estima-se que para o ano de 2019 os números serão maiores. Ou seja, o assunto não pode ser tratado como uma piada, porque milhares de mulheres, ano após ano, têm sua vida tirada pela pessoa com qual dividiram suas vidas. 

Não podemos mais achar normal qualquer tipo de violência, é hora de nos posicionamos e gritar aos quatro cantos que basta! Parem de nos matar! Somos mulheres, mães, amantes, pessoas que querem viver suas vidas sem que elas sejam bruscamente interrompidas porque um indivíduo não soube ouvir a palavra Não. 

Por todas as Marias vítimas do machismo imposto em nossa sociedade, nos deixem viver!

Abraço 

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Por Priscila Messias  –  priscilachrist@gmail.com

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