
(Foto Ilustrativa)
É preciso cultivar e defender o medo, sob o risco de perdermos a prudência
Hoje serei breve, aforístico, talvez poético.
Para Sêneca, em “Cartas a Lucílio”, o homem deixará de temer quando deixar de ter esperança. Ter esperança alimenta, em alguma medida, certo medo.
É comum que se sustente a ideia de que é necessário deixar de ter medo. Mas, discordo. É preciso cultivar e defender o medo, sob o risco de perdermos a prudência.
É fato que quando o medo entra por uma porta e ocupa todo o espaço mental os nossos sonhos e a esperança que eles ensejam saem por outra. Isso não significa, é sempre bom deixar claro, que tenhamos que restringir o medo. Há sempre a necessidade de um pouco de medo para garantir que nossos sonhos sejam habitados pela prudência, o tal risco calculado de que falam alguns.
É mentiroso ou no mínimo equivocado aquele que pretende eliminar o medo, ser destemido. Um mundo sem medo é utópico. Uma pessoa sem medo é doente. Até um psicopata é habitado pelo medo, mas é apenas incapaz de compreendê-lo.
Não obstante, embora o risco do medo em demasia seja uma realidade, o medo, quando administrado em doses homeopáticas, deve ser defendido, para que, como dizia Sêneca, não deixemos de ter esperança.
Dito isso, afirmo que ter medo é saudável, pois é parte da nossa humanidade. O excesso de medo, entretanto, é o maior entrave para que uma vida plena de realização.
Por isso, que haja algum medo, mas com moderação.