
(Foto Ilustrativa)
Se há na poesia necessidade de construir, talvez seja elevando o poeta a um crítico da burguesia
A poesia que há
a poesia há
na flor que abre,
no terremoto que destrói,
no colibri que voa,
na dor que constrói,
na avassaladora paixão ou
mesmo no amor de um irmão.
a poesia que há,
está encravada no mundo,
é como um diamante raro
ou numa pedra preciosa:
em seu estado bruto não brilha,
precisa do garimpeiro que a encontra
do lapidador que a faz brilhar.
na poesia que há,
o poeta ao garimpar e lapidar,
faz da poesia bruta
um poema a brilhar.
Utilidade da poesia
se há na poesia
alguma utilidade real,
talvez seja a de transformar
o deserto árido da existência humana
em um oásis de pura magia,
em um acalento verbal.
se há na poesia
possibilidade de no mundo atuar,
talvez seja não sendo leviana
e entregar-se com cortesia
ao mundo que quer transformar.
se há na poesia
necessidade de construir,
talvez seja elevando o poeta
a um crítico da burguesia.
talvez seja a poesia,
um modo nobre de agir
nesse mundo por destruir.
e se a poesia
no fundo só pode expressar?
que não deixe de criticar!
(para a Antologia Animal Poético)