
(Foto: Divulgação)
_______________________________________________________
Davi MC: “As maiores batalhas do humano são internas; invisíveis a alho nu”
_______________________________________________________
A ansiedade, o desamparo e a desinformação somados a preconceitos, provocam enfermidades e atentados contra a existência. Nos grandes centros urbanos, a solidão coloca o Homem do século 21 em constante embate consigo. Rodeado por pessoas, colegas de faculdade e trabalho, no entanto, a desolação fervilha desbotando o cotidiano, conturbado pelo imediatismo. A atmosfera de desesperança enlaça corpos intoxicados e intoxicadores. Nos semblantes é indisfarçável o esvaziamento afetivo. Fatos desestabilizadores (sociais, econômicos e políticos) tornaram-se irrelevantes, perante a anestesia emotiva. Se o elemento verbalizar queixa de dor nas costas, logo uma mão benevolente estende-se com auxílio; sendo o quadro, crises de choro, recebe-se na maior parte dos casos gesto de ironia ou desprezo.
Em concordância com estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019, o Brasil possuía mais de 13 milhões de depressivos. 5,8% da população sofrendo de depressão, a taxa acima da média global, apresentando 4,4%. Um mês no ano dedicado ao tema “suicídio” não é suficiente para alcançar com eficácia todos aqueles que necessitam da orientação médica. O “mal do século” requer melhor número de estratégias e políticas públicas em prol de seu combate. É questão urgente de saúde pública. O país encara epidemia de depressão e suicídios. Devem ser implementadas práticas assertivas. Um amigo adolescente, contou-me de suas dificuldades ao procurar socorro, em hospital público. A triagem questionou incisivamente quanto ao vício em substâncias entorpecentes. Colocando sua negativa em descrédito total.
Na preparação de material para minha coluna, na revista eletrônica OLHO VIVO, conversei com o Davi MC. Cristão, músico, compositor e youtuber com trabalho artístico engajado na representatividade, justiça social e conscientização. O rapper goiano produz conteúdos dedicados ao equilíbrio emocional.
_______________________________________________________
“Quem tem depressão quer matar a sua dor; não tirar a sua vida, e infelizmente acaba se perdendo nesse processo”.
_______________________________________________________
O artista de projeção nacional busca através de composições introduzir alertas, referentes às doenças mentais.
- Quero fazer um rap bem profundo sobre esse tema que é bastante delicado. Às vezes, a pessoa com depressão é a figura que mais sorri - arrematou.
O enfermo deve aconchegar no apoio familiar, religioso, psicológico e psiquiátrico. O equilíbrio e a superação são fundamentais, e quando digo superação me refiro a amplo e nobre sentido da palavra. O panorama atual pede desenvolvimento da inteligência emocional e maior contato com a natureza. Defrontamos com entressafra; parâmetros de ontem são considerados obsoletos, e a nova dinâmica ainda não se consolidou. Fez-se o hiato. Originando a quebra de identidades e perda de referências, minando personalidades. Muitas pessoas empreendem fuga da tristeza crônica e frustrações, expondo a intimidade nas redes sociais. Mendigando gestos de apreços automatizados, através de selfies sensuais e exibicionistas, ou endividando-se com compras impulsivas. A angústia, em parceria com o estresse, materializa sintomas físicos, como: enxaqueca, insônia, tremores, falta de apetite e indisposição; inclusive, para manter a higiene corporal básica.
A intervenção medicamentosa, administrada por profissional especializado, juntamente com trabalho de psicoterapia, propicia caminho para a retomada da boa qualidade de vida. Recaídas irão ocorrer em um momento ou outro, mas serão melhores assimiladas. Percentual significativo dos deprimidos passa a vida sofrendo, e morre sem ter conhecimento sobre a enfermidade. Na internet avoluma a opinião imagética de que “os amigos” não têm decepções e nem problemas. Não é bem assim! Não devemos reprimir ou negar esses dias fora do eixo. Mas, sim, abrir-nos ao discernimento.
