(Foto Ilustrativa)
Devemos agir de acordo com as perspectivas que se abrirem com esta enorme crise, começando por rejeitar a perspectiva da “normalização do antes”
Começo esta troca de ideias reconhecendo uma tarefa difícil: apontar algo de positivo, quando nos referimos a crises, sejam elas de qualquer tipo. Afinal, a noção de crise para nós sempre expressa algo de negativo e assustador, com efeito paralisante sobre o nosso pensar ou agir. Contudo, crises sempre abrem novas perspectivas, o que não significa que possam ser negativas ou positivas, mas que se tornam concretas, após seu término. Observemos a crise que estamos enfrentando no momento atual, expressa pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Indubitavelmente, além de deflagrar uma crise, tanto de saúde quanto sanitária, desencadeou e desencadeará crises políticas, sociais e econômicas, ou pelo menos o contexto parece se configurar nessa perspectiva muito pouco animadora.
Entretanto, essa crise pode nos demonstrar e fazer refletir que o anteriormente vivido já se encontrava em crise nos vários âmbitos de nossa existência humana. Desta forma, talvez novas perspectivas para a construção de relações econômicas e políticas se façam necessárias. Também que devamos repensar e objetivar construir relações sociais e éticas completamente diferentes. Então, expresso aqui uma perspectiva um pouco mais otimista? Talvez!
Mas se posso expressar uma posição mais pessoal, que certamente pode ser refutada e criticada, prefiro pensar que ao invés de cair no extremo do pessimismo de que tudo acabou ou nada novo poderá ser criado, ou me deixar levar pelo outro extremo, próprio do otimismo excessivo, de que tudo será maravilhoso e um mundo idealizado, como um paraíso na Terra, surgirá ao fim do fenômeno do coronavírus, devamos agir de acordo com as perspectivas que se abrirem com esta enorme crise, começando por rejeitar a perspectiva da “normalização do antes”.
Muita coisa deixou de ser e deixará de ser o que era antes. Daí, a necessidade de aproveitarmos as novas perspectivas, de acordo nossas ações, intenções e interesses.