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Equilíbrio

O ócio criativo e o trabalho no pós-pandemia

Ócio criativo não nos remete à nulidade, ao não fazer nada; surge sim, enquanto mais um desafio a aproveitarmos o ócio, consistindo em vivermos mais equilibradamente

Colunistas  –  02/08/2020 10:25

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(Foto Ilustrativa)

Domenico de Mais: O sentido de ócio criativo é desenvolver a nossa capacidade de conseguirmos aprender a conciliar o trabalho com o lazer de maneira equilibrada, sem nos sobrecarregarmos 

 

O título desta nova troca de ideias aparentemente expressa grandes contradições. Afinal, qual a relação do ócio com a capacidade criativa? E como ligar o ócio à atividade do trabalho? O termo ócio, segundo a nossa interpretação contemporânea, ilustra o não criar nada, não produzir, não trabalhar, apenas referindo-se ao interesse na busca pelo lazer, representando uma conotação moral sobre a condição de uma total improdutividade, valorado como negativo e execrável. Porém, para maiores esclarecimentos, convido para auxiliar minha troca e essa reflexão que construo junto com vocês, o sociólogo italiano Domenico de Mais, que desenvolveu o conceito denominado como “Ócio Criativo”. Mas qual o sentido desse conceito?

Desenvolver a nossa capacidade de conseguirmos aprender a conciliar o trabalho com o lazer de maneira equilibrada, sem nos sobrecarregarmos e buscarmos extrair de cada momento o melhor do nosso potencial para criar um estilo de vida melhor, inclusive, visando trabalhar com mais criatividade, evitando o estresse desnecessário, que impede um desempenho mais positivo em nossas atividades.

Sob a perspectiva da noção de ócio criativo, proposta por De Masi, poderemos na prática nos entregar e também nos dedicarmos inteiramente na criação de novas ideias. Assim sendo, o ócio criativo não nos remete à nulidade, ao não fazer nada. Surge sim, enquanto mais um desafio a aproveitarmos o ócio, consistindo em vivermos mais equilibradamente e, em consequência, disso, nos constituirmos em profissionais melhores, mais produtivos e também criativos, sem nos descuidarmos do lazer criativo, para construirmos uma existência mais salutar.

Penso que nos tempos por vir, pós-pandemia, essas serão características cada vez mais essenciais para mudarmos nossa forma de encarar o mundo e nos inserirmos neste de outro modo, possivelmente mais esteticamente produtivo e construtivo, tanto no campo profissional quanto pessoal.

> Domenico de Masi. “O Ócio Criativo”. Editora Sextante. 2000. 

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Por Rogério Luís da Rocha Seixas  –  rogeriosrjb@gmail.com

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