(Fotos: Jean Carlos Gomes)

"A cultura como identidade, amparo, deleite e valor precisa ocupar o seu lugar" 

Ele é voltarredondense, jornalista, publicitário e poeta. Atua na promoção da cultura, privilegiando a informação cultural e o inebrio artístico como expressões políticas essenciais ao desenvolvimento. Fez teatro nas décadas de 60 e 70. No início dos anos 80, foi presidente do Gacemss (Grêmio Artístico e Cultural Edmundo de Macedo Soares e Silva), quando abriu o teatro, galeria de arte, cineclube, implantou cursos artísticos e diversas outras atividades culturais. Escreveu em jornais da região. Trabalha com publicidade e sempre arranja tempo para incentivar o fazer cultural ao seu alcance, com entusiasmo de quem segura o leme do desenvolvimento. O fascínio, o grande feito, segundo ele, está em participar de uma obra capaz de promover um bem imaterial relevante que possa ser apropriado por todos. Ocupa a cadeira nº 20 da AVL (Academia Voltarredondense de Letras), cujo patrono é José Luiz de Oliveira.

Nos últimos quatro anos trabalhou na Fundação de Cultura de Barra Mansa, onde implantou o projeto Teatro nas Escolas que, em 2012, contava com cerca de 500 alunos, alcançando todos os colégios do município que têm o segundo segmento do ensino fundamental, 6º ao 9º ano.

Além das ações de incentivo e fortalecimento das iniciativas do setor, movimentou a comunidade cultural de Barra Mansa, no sentido de promover a adesão do município ao SNC (Sistema Nacional de Cultura). Em suas palavras, "uma proposta alvissareira, porém, com todos os complexos ingredientes para ser efetivado, uma vez que implica, necessariamente, a participação social na formulação e execução da política cultural da cidade". Para isso realizou três fóruns e uma conferência, induzindo práticas participativas que concluíram com a adesão de Barra Mansa ao SNC.

Com estreita participação no processo, foi indicado, pela Conferência Regional em 2009, para participar do GCE (Grupo de Coordenação Estadual) do Plano Estadual de Cultura, representando o poder público do Médio Paraíba.

Terá participação primordial no livro "IV coletânea século XXI - Edição 2013" (da PoertArt Editora de Volta Redonda), que homenageará a poeta de renome internacional Olga Savary pelos seus 80 anos de vida.

Bate-papo com Vicente Melo...

"A internet é imbatível em quantidade e qualidade
de informações e fontes de pesquisa"

> "A cultura como identidade, amparo, deleite e valor precisa ocupar o seu lugar. Para isso, terá que atualizar a sua linguagem, seus signos e conceito, à luz da vivência contemporânea. Pode ser exagero falar em ressignificação, mas não se pode negar a dicotomia entre a atual busca de sentido e a demanda pelo saber".

> "Há uma espécie de compulsão pela felicidade a qualquer custo, um movimento à deriva de identidades, que parece encontrar paliativos no consumo e na festa, uma agregação coletiva correndo em vão pelo sentido duradouro".

> "As pesquisas indicam o crescimento desse caminhar aleatório na maior parte dos países. Como não há ordem, desenvolvimento e futuro independentes das pessoas, o papel da educação, entendida em toda a sua dimensão, exige primazia e, por extensão, a cultura em toda a sua amplitude. Portanto, a solução é investir incondicionalmente no desenvolvimento humano, para que todas as demais mazelas sejam minimizadas".

> "Apesar da usabilidade da internet, temos com o livro um sentimento de posse do objeto, pois ele é, em si, é um dado do nosso acervo cultural. Por enquanto vejo inabalável a nossa relação com o livro. A própria disponibilidade das obras pela web, costuma vir acompanhada de uma expressão para se conectar à nossa confiança: Disponível para download, o que significa que, ainda que precariamente podemos ter a obra impressa".

> "O conteúdo online ainda nos parece fugidio, impalpável, em relação ao livro que, temos certeza de sua disponibilidade, quando o colocamos em nossa estante para uma cuidadosa e duradoura pesquisa".

> "Por outro lado, a internet é imbatível em quantidade e qualidade de informações e fontes de pesquisa. Agora temos acesso a todos os fatos e suas versões, o que põe em marcha a melhor de todas as revoluções".

> "Raramente me entrego ao deleite literário. Via de regra ocupo-me com a informação técnica, política e científica, principalmente com os processos teóricos da comunicação, política, história, cultura e ainda com humanismo e biografias. Entre os poetas, identifico-me com o teor político de Castro Alves, a exatidão humana de Mário Quintana e a exuberância de Fernando Pessoa".

> "Justamente quando deveria conhecer de perto a literatura, ocorreu a ditadura e a permanente busca por uma saída. Assim, habituei-me às leituras necessárias específicas, pouco disponíveis na época. Além dos autores orientais, muito em voga, lia Erich Fromm, Hermann Hesse, Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Eduardo Galeano, Machado de Assis, José de Alencar, tudo sobre teatro e outros, uma parte em função das exigências do colégio. Hoje aprecio os artigos e livros de pensadores modernos".

Para o seu deleite leia...

Substrato

Passou o tempo e o meu invento se perdeu.
Ficou a marca de um momento que doeu.
Depois veio você e contou a sua história.
Repetida tantas vezes, ganhou a praça e se foi.

Agora é ele quem vive momentos de opinião.
Abre os braços, mete os peitos até o fundo da ilusão.
E tudo se repete em críticas, desafios, desafeição.
Esperemos pacientemente a calmaria e daí a compreensão.

Fique aqui, você vai ver e viver mais feliz.
Cada história que passa é a mesma que eu fiz,
você fez, ele tem e diz amém.
O que fica e acrescenta é muito mais que a história de alguém.

Frases desgarradas

Na torrente do tempo,
o homem agarra petrechos de vida.

Quando era criança tinha uma esperança: Ser grande.
Cresci, perdi.

O mundo ocorre,
o homem corre e morre.

Amar é deixar-se envolver numa relação que anula o tempo.

A amizade reflete a alma e me faz junto e igual
a quem acredito digno de meus sonhos e fantasias.