(Foto Ilustrativa)
A luz dava-lhe ao rosto uma luminosidade que contrastava com sua pele morena e os olhos de um verde profundo, sereno, mais parecido às águas tranquilas do lago
Um último olhar no espelho, alinhou o cabelo, retocou o batom... Pensou: estou de matar... Apagou a luz, bateu a porta, o táxi estava à espera.
Enquanto rodavam pela alameda, ia olhando as lojas, a essa hora, todas fechadas, pois passava das onze horas. Apenas alguns transeuntes e pessoas nas mesas dos bares, os últimos movimentos que agitavam a cidade.
Chegaria na hora, pois estava marcado o evento para meia-noite, assim tinha tempo... Gostava de ter tempo, detestava estar atrasada ou chegar esbaforida, como se tivesse alguém em sua perseguição.
O local estava iluminado, as janelas davam para o lago que refletia as luzes, música suave, tudo perfeito à espera dos convidados. Subiu quatro degraus e chegou ao terraço, de onde vislumbrava parte da cidade.
Ainda estava vazio o salão, o que a permitiu observar com calma todo o espaço. A decoração requintada, o serviço perfeito e os garçons impecáveis a um canto do salão, empertigados, à espera.
Se deixou perto da sacada, de onde podia ver o salão e o lago, a luz dava-lhe ao rosto uma luminosidade que contrastava com sua pele morena e os olhos de um verde profundo, sereno, mais parecido às águas tranquilas do lago. Estava distraída nesse embevecimento.
Boa noite, desculpe, mas não pude deixar de notar tamanha beleza. A voz lhe trouxe de volta ao presente.
Aquele par de olhos negros, naquele rosto esculpido a estilete a fez perder o equilíbrio, que foi amparado por braços fortes... Sentiu de perto o perfume que lhe invadiu o olfato, sem saber o que fazer, apenas, sorriu...
