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Uma Nova Cara Para a Cultura Brasileira

Relendo a Semana de Arte de 22

Alguns intelectuais e um percentual do público da época, não conseguindo compreender a nova proposta, chegaram a comparar os artistas envolvidos a doentes mentais e loucos

Colunistas  –  21/11/2020 19:12

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(Foto Ilustrativa)

Sociedade de 1922 não estava, ainda, preparada para tais mudanças, e o novo modelo proposto nas artes e a recepção foram desastrosos

Se voltarmos ao ano de 1922, vamos nos deparar com a movimentação que estava ocorrendo nas artes, em decorrência das insatisfações dos intelectuais da época. Cansados das cópias estrangeiras, queriam uma cara nova para a cultura brasileira, queriam dar um colorido às letras e às artes. Assim, nasceu a Semana de 22, que seria voltada às mostras locais, e foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro.

O evento reuniu apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras. Propunha uma nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora, com a cara brasileira.

O objetivo desses artistas era chocar o público e trazer à tona outras maneiras de sentir, ver e fruir a arte, desatrelada do academicismo, tradicionalismo e estruturalismo que norteava as artes. Cito, dentre eles, Mário de Andrade, uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22, que, ao lado de outros intelectuais, muito contribuíram para esse acontecimento.

Mas nem todos os intelectuais estavam de acordo com essa nova proposta, e as críticas foram ferrenhas. Desconfortáveis com tais apresentações, e não conseguindo compreender a nova proposta de arte, os artistas envolvidos chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos, por parte das pessoas.

Com toda essa aversão do público e de alguns artistas ao movimento, percebeu-se que a sociedade não estava, ainda, preparada para tais mudanças, e o novo modelo proposto nas artes e a recepção foram desastrosos.

Mas foi graças a esses "loucos" que hoje temos a liberdade de realizar nossos escritos sem estarmos atados ao acadêmico, formal e estruturado das artes que nos engessaram. Parabéns, a esses "loucos". 

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Por Lin Quintino  –  lindalva.quintino@gmail.com

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