
(Foto Ilustrativa)
Negar o conflito racial no Brasil pode ser interpretado ou como total desinformação ou o que é mais grave: um ato de má fé
Qualquer discussão ou reflexão que envolva a educação, indubitavelmente, apresenta-se sempre como essencial e, por vezes, cercada por debates acirrados. Nesta nova troca de ideias, busco tecer uma ligação importante entre o educar e o antirracismo. Inicialmente, ressalto que segundo *Libâneo “educar (em latim, educare) é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação” (1985). Destaque-se que a partir deste modificar, insere-se o ato de educar como mudança de cosmovisão de mundo por parte do educando e, principalmente, na sua conduta em relação a si mesmo e com os outros. Desta forma, o educar não se limita à transmissão pura e simples de conteúdos ou apenas concentrando-se no objetivo de formar indivíduos para o mercado de trabalho.
O educar necessita se voltar para construção de humanos. Constituir de modo autônomo e participativo sujeitos aptos a assumir sua ação de cidadania no seio de seu contexto social.
No caso específico de nossa sociedade, a ação cidadã formada a partir do ato de educar precisa estar direcionada para a luta antirracista.
Os sujeitos formados para a convivência social e política devem estar conscientes de que o racismo se expressa enquanto uma questão essencial a ser combatida. A educação, que muitas vezes até reproduz o racismo, deve modificar-se, inclusive na questão referente aos conteúdos e currículos, atuando exatamente como uma das estratégias antirracistas práticas e das mais relevantes.
Deve-se começar admitindo-se, e mais do que isso, conscientizando-se de que somos uma sociedade racista, e por esse motivo necessitamos de uma educação que construa uma cidadania antirracista e que saiba conviver com a diversidade e a diferença, construindo assim uma democracia mais igualitária e justa. Negar o conflito racial no Brasil pode ser interpretado ou como total desinformação ou o que é mais grave: um ato de má fé.
Creio que a educação pode contribuir para combater as duas posturas.
*Libâneo, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo, Loyola, 1985.