(Fotos: Divulgação/Fábio Guimas)
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Guimas cita Tim Cook, chefe da Apple, ao falar da profissão: “Você deve ser a pedra no lago que cria as ondas da mudança”
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Da edição fotográfica ao primeiro clique. Do designer gráfico ao fotojornalismo. A trajetória do repórter fotográfico Fábio Guimas teve início ainda na juventude, a partir da paixão pela fotografia. Por mais de uma década, trabalhou editando fotografias e compreendendo cada vez mais a importância da luz dentro da criação de cada imagem.
O start foi despertado por Elisabeth Rocha, fotógrafa de eventos em São Paulo. Motivado pela amiga, que acompanhava suas edições, Guimas saiu para fotografar com a câmera emprestada por Elisabeth. Aos poucos, foi se familiarizando com as funções da máquina e logo já estava com uma Nikon D90 em mãos para dominar as funções necessárias para tornar-se um fotojornalista.
Com a ajuda da mulher dele, que recebeu uma quantia de rescisão e apostou todas as fichas no talento de Guimas como fotógrafo, logo ele migrou de uma D90 para uma D7000. Um investimento alto à época. Tudo certo! Na hora certa! No tempo certo!
Cobertura de uma possível geral paralisação dos caminhoneiros
Em um determinado dia, Fábio Guimas visitou a família da mulher dele em Barra Mansa. Logo de cara, se apaixonou pela cidade e resolveu ir até a redação do jornal “A Voz da Cidade”, localizado perto de onde estava ficando em Barra Mansa. O jornal estava precisando de um repórter fotográfico, foi aí que resolveu voltar para São Paulo e pedir demissão para trabalhar no que realmente queria. A fotografia sempre foi almejada pelo fotojornalista.
- Para minha sorte realmente precisavam e em uma rápida conversa firmei um acordo com o diretor Luciano Pançardes e com a garantia do emprego voltei a São Paulo, pedi demissão de onde trabalhava como editor fotográfico e em uma semana estava de mudança para Barra Mansa - relata.
No início de sua carreira como repórter fotográfico, Guimas conta que não foi fácil.
- Provar meu valor era uma meta para mim. Não por soberba ou algo do tipo, mas para provar à equipe de redação que eu conseguiria atender as demandas que viriam a seguir.
A rotina dentro de uma redação jornalística está longe de ser algo repetitivo ou monótono. A cada dia uma pauta diferente, uma situação inusitada ou algo mais profundo que exige apuração, demanda tempo e muito trabalho. Diferentes pautas são abordadas semanalmente pela imprensa.
Sobre os assuntos que mais gosta de fotografar, relata:
- Entre operações policiais, pautas políticas, de economia, entre tantas outras, acho que as pautas de cidades (coberturas do cotidiano) são as que mais me agradam, pois por muitas vezes a população não é ouvida pelo poder público, mas quando a imprensa intervém, traz a evidência de determinada situação, e por esse fato o poder público (que por vezes não tem conhecimento dos fatos) resolve o problema seja ele qual for, isso me motiva a continuar.
Chuvas castigaram Barra Mansa em 2019
Entre as pautas que mais marcaram o fotógrafo, Fábio Guimas destaca as chuvas que ocorreram em abril de 2019, quando diversas cidades do Sul Fluminense foram castigadas por fortes temporais. Barra Mansa foi um dos municípios mais atingidos naquele ano.
- Vi crianças, idosos e pessoas com dificuldade de mobilidade imersas em lamas, escombros e restos de móveis, tanto dentro de suas casas quanto no meio das ruas. Nunca tinha visto nada assim, já vi muitos transtornos por conta de chuvas, mas nunca uma cidade inteira devastada. A impressão era de estar em um distrito qualquer da Flórida, depois de um tornado.
Ao ser perguntado sobre os fotógrafos e fotojornalistas que mais admira no mundo da fotografia, nomes importantes como Sebastião Salgado, Steve McCurry, Gabriel Chaim e Araquém Alcântara são referenciados.
- Dentre tantos outros fotógrafos, principalmente os que sobrevivem da fotografia e do fotojornalismo brasileiro.
Com relação aos desafios impostos pela profissão, o repórter fotográfico ressalta a ligação dos preços dos equipamentos de trabalho com a moeda americana (dólar).
- O equipamento fotográfico por si só é caríssimo, algumas lentes podem custar o mesmo que uma casa popular em alguns municípios. Mas falando do fotojornalismo, ainda é a falta de valorização dos profissionais deste nicho da fotografia.
Um incêndio sob o olhar de Guimas
A instantaneidade e a velocidade das informações na era digital revolucionaram o modo de comunicação no jornalismo. Com o fotojornalismo isso não foi diferente. Com a popularização dos celulares, cada vez mais é comum vermos telespectadores colaborando com o fato. Vídeos e fotos são postados e compartilhados em redes sociais. Porém, nem sempre a qualidade e veracidade são levadas em conta. Guimas evidencia o valor da apuração no campo da informação.
- Tudo está cada vez mais dinâmico e veloz na transmissão da notícia. Tudo acontece em frações de minutos e segundos e de repente uma onda de informações circula sem a devida certeza de sua veracidade. Hoje é primordial para uma redação chegar primeiro com a notícia, mas tornou-se imperativo, para não dizer vital, a apuração dos fatos - afirma.
Por isso, a importância e a necessidade em termos profissionais da imagem relatando os fatos.
- Quando a fotografia vem de um profissional da área, a confiança da veracidade do registro torna-se inquestionável em quase cem por cento das vezes. Mas para a grande mídia o que importa mesmo é chegar na frente. Não é à toa que vemos emissoras de TV diariamente ensinando seus telespectadores como filmar ou fotografar com smartphone. Com isso, cinegrafistas e fotojornalistas se arriscam cada vez mais para conseguir imagens em primeiro lugar.
Covid-19 muda a cara do país
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) mudou drasticamente o dia a dia de todos nós. A rotina nas redações jornalísticas também sofreu alterações. O fotógrafo diz que para os profissionais da área tornou-se uma tarefa muito difícil estar em um lugar onde todos estão se isolando todos os dias com as restrições impostas pela pandemia.
- Sair, pegar o carro, higienizar equipamentos, a cada instante é uma rotina nova no contexto nacional do jornalismo. Fotografar caixões e entrar em hospitais, chegar em casa dependendo de onde estou e retirar toda sua roupa, pôr direto na máquina de lavar é tudo surreal. Ver amigos jornalistas, fotojornalistas, cinegrafistas e muitos ligados a essa profissão se contaminado, alguns falecendo é muito difícil - declara.
A vacinação contra a Covid-19 já foi iniciada em cidades do Sul do Estado. Porém, as medidas de prevenção continuam valendo para toda população. Mesmo com o início da vacinação para grupos prioritários. Guimas descreve como tem sido sua rotina em meio à pandemia.
- Não é fácil não visitar nossos entes queridos, principalmente os que são do grupo de risco, por simplesmente não saber se podemos ou não estar contaminados. Mas tivemos que nos adaptar ao "novo normal" para poder, em um futuro bem próximo, espero que possamos de fato voltar ao normal.
A profissão de repórter fotográfico pode ser resumida como um desafio diário. Que requer habilidade, inteligência e foco! Imagens são produzidas em larga escala a todo o momento. O trabalho de Fábio Guimas é extremamente completo e autoral. Luz, velocidade, diafragma e olho clínico. São esses os principais elementos para recortar o factual e mostrar o melhor dentro do fotojornalismo.
> Para acompanhar o trabalho do fotógrafo é só seguir o Instagram @fabio_guimas_fotojornalismo