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Novo Coronavírus

Ciência, cientificismo e negacionismo

Movimento negacionista sustenta-se em teorias e discursos conspiratórios, sem aprofundamento, que acabam favorecendo disputas ideológicas, interesses políticos e religiosos

Colunistas  –  20/02/2021 19:55

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(Foto Ilustrativa)

O negacionismo, no caso do combate à pandemia da Covid-19, principalmente em nossa situação, torna-se perigoso e extremamente nocivo,  inclusive e especialmente quanto à recusa em se tomar a vacina

 

Começo esta nova troca de ideias, com um desafio: O debate sobre a importância da ciência, principalmente em nossa sociedade, nunca apresentou tamanha intensidade, como nesta situação de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que vivenciamos. A ciência ou o conhecimento científico marcou, e ainda marca, a própria trajetória da humanidade em suas diferentes épocas históricas. Em diversos campos da dimensão existencial humana. O surgimento do que denominamos como ciência denota a distinção entre conhecimento verdadeiro e mera opinião. Ela se estabeleceu como uma caminhada fundamentalmente de busca pelo conhecimento. Por certezas, verdades e determinações sobre o mundo à nossa volta. Compreender de modo verdadeiro, metodológico e comprovado os fenômenos da natureza e sobre a temporalidade da existência humana. Desta forma, combater ou simplesmente negar a ciência e seus critérios, métodos e comprovações expressa uma posição de mera imposição de opinião sem fundamentos ou critérios de verdade, embasando-se em convicções ou dogmas.

Claro que devemos ter o senso crítico quanto a práxis científica. Não devemos endeusá-la ou venerá-la, pois ela também comete erros. Pois é feita por homens. Todos nós sabemos a respeito de uso de suas descobertas, não para o progresso da Humanidade, mas sim para sua destruição. A ciência não é neutra. Tomarmos uma posição acrítica com referência a ela nos leva ao cientificismo, enquanto uma concepção que afirma a superioridade da ciência e sua imposição de se tornar inquestionável quanto a produção de verdades e conhecimento autêntico. Tal visão extremista só nos desvia do caminho científico do questionamento e da construção aberta de conhecimento.

Simultaneamente à intensificação do debate sobre ciência, temos outra postura bem destrutiva e perigosa para este momento de pandemia. O negacionismo é a escolha de negar a realidade como modo de escapar de uma verdade insuportável. Pode ser descrito como a rejeição dos conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por um consenso científico a favor de ideias tanto radicais quanto controversas. Quando em oposição a evidências cientificamente comprovadas, o movimento negacionista sustenta-se em teorias e discursos conspiratórios, sem aprofundamento e isolados, que acabam favorecendo disputas ideológicas, interesses políticos e religiosos. Criam-se polêmicas retóricas e desnecessárias, rejeitando afirmações que encontram consenso no meio científico, recusando aceitar teorias e fatos solidamente comprovados. A posição negacionista pode resultar num alto custo socioemocional, traduzindo-se em indiferença, prepotência e intolerância, levando em muitas ocasiões ao obscurantismo. Convenhamos que   esta situação no caso do combate à pandemia da Covid-19, principalmente em nossa situação, torna-se perigosa e extremamente nociva, influenciando de modo negativo as medidas de controle e erradicação da pandemia, inclusive e especialmente quanto à recusa em se tomar a vacina.   

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Por Rogério Luís da Rocha Seixas  –  rogeriosrjb@gmail.com

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