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Comemorar?

Abolição e luta antirracista

Uma sociedade não pode ser um pouco racista ou meio racista; ou ela é racista ou antirracista

Colunistas  –  14/05/2021 18:50

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(Foto Ilustrativa)

A luta antirracista necessita ganhar mais intensidade e amplitude, fazendo-se necessário que todos reconheçam sua gravidade

 

Comemoramos mais um 13 de maio, data que marca a abolição da escravidão no Brasil. Porém, creio que o termo “comemorar” não é o mais adequado, perante o quadro social e político que nossa sociedade experimenta. A população negra permanece alijada de muitos direitos, sendo mesmo desrespeitada e marginalizada. Embora tente-se negar, o racismo é uma realidade violenta presente em nosso contexto. Um racismo naturalizado e marcado por uma violência racial normalizada.

A luta antirracista necessita ganhar mais intensidade e amplitude, fazendo-se necessário que todos reconheçam sua gravidade. Reconhecermos que nossa herança escravocrata e colonial ainda permanece muito presente em nossas relações sociais. Um exemplo de luta antirracista que gostaria de citar nesse texto refere-se à atriz Ruth de Souza, homenageada em seu centenário, também na semana do 13 de maio. Ruth de Souza fez parte do TEN (Teatro Experimental do Negro), fundado por Abdias do Nascimento, outro exemplo de ativista na luta antirracista. Ruth de Souza rompeu com proibições e limitações impostas pela racialização, a partir da dramaturgia teatral e televisiva, fugindo da padronização imposta, na qual as atrizes negras eram inseridas.  

Penso que para a luta antirracista se intensificar devemos refletir, por exemplo, sobre a afirmação de *Frantz Fanon: “Defendemos, de uma vez por todas, o seguinte princípio: uma sociedade é racista ou não o é. Enquanto não compreendermos essa evidência, deixaremos de lado muitos problemas”. (Fanon, Pele Negra, Máscaras Brancas, p.85, 2008)

Uma sociedade não pode ser um pouco racista ou meio racista. Ou ela é racista ou antirracista. Enfrentando de frente esse problema possamos de fato abolir a escravidão e ao mesmo tempo o racismo.

*Fanon, Frantz. Pele Negra, Máscaras brancas. EDUFBA, 2008.

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Por Rogério Luís da Rocha Seixas  –  rogeriosrjb@gmail.com

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