
(Foto Ilustrativa)
Carla entrou na sala, sentou-se perto da janela e soltou sua imaginação, visualizou o inferno; depois, visualizou o céu
Eram os anos 60 - dos hippies, do rock, do sonho de uma comunidade universal e pacífica. As freiras da escola da Carla, muito tradicionais, rejeitavam essas posturas diante da vida - especialmente a irmã Lúcia.
Carla fora educada num colégio de freiras tradicional, mais do que tradicional - um colégio antiquado mesmo, cheio de regras e padrões. A irmã Lúcia cuidava das crianças como a diligência e rigidez de um sargento nazista. Qualquer movimento, qualquer palavra dos alunos era considerada indisciplina.
A irmã Lúcia gritava:
- Quem falar sem pedir licença irá para o inferno. Quem não escovar os dentes depois do almoço irá para o inferno... Meninas sapecas irão para o inferno... E Carla era uma menina sapeca.
Um dia entrou na cozinha, pegou uma jarra e molhou as plantas da entrada que estavam com as folhas meio amarelas e pareciam precisar de água.
- Você não pode decidir sozinha, tem que pedir autorização para pegar uma jarra. Eu já falei que desordem leva ao inferno... Pense nisso, Carla.
- Sim, irmã Lúcia - respondeu a menina.
- Pode voltar para a sala de aulas.
Carla entrou na sala, sentou-se perto da janela e soltou sua imaginação... Visualizou o inferno. Um lugar lindo e colorido, cheio de crianças que corriam, brincavam e faziam bagunça. Depois, visualizou o céu. Um lugar frio e chato, cheio de freiras.