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Alegria e Esperança

Natalidade e ação política

A natalidade encontra-se diretamente relacionada com a ação política em plural, pois apresenta-se sempre como a possibilidade de um novo começo; um renovar-se constante

Colunistas  –  05/06/2021 22:14

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(Foto Ilustrativa)

Cada nascimento é uma chance que cada indivíduo possui de aprender a amar o mundo que compartilha com outros indivíduos já nele presentes

 

Quando um novo ser humano ingressa em nosso mundo, sua chegada é festejada enquanto sentimento de alegria e esperança. Mas esperança de quê? Que esse novo ser possa trazer algo novo e colaborar com a melhora das condições e relações da existência dos homens no mundo que compartilham. Desta forma, como destaca a filósofa *Hannah Arendt: “são os homens que habitam o mundo e não o homem”. (2014)

Há uma convivência entre nós, constituindo uma pluralidade. Por sua vez, essa pluralidade encontra-se diretamente relacionada com a natalidade. Não por acaso, Arendt observa que a natalidade guarda um sentido político essencial para a manutenção do mundo compartilhado em plural. Entretanto, ressalte-se que o sentido de política aqui exposto afasta-se da percepção comum de política partidária ou institucional.

Na ação política expressa em uma esfera pública, os homens constituem o mundo e atuam em conjunto, buscando manter as condições de liberdade e reconhecimento, enquanto seres plurais e ao mesmo tempo singulares. Essa dimensão da ação política determina o que há de mais humano nos homens. A natalidade encontra-se diretamente relacionada com a ação política em plural, pois apresenta-se sempre como a possibilidade de um novo começo. Um renovar-se constante.

Assim sendo, a natalidade não se resume aqui ao mero fato biológico de reprodução, mas sim como um aparecer ou ingressar em um mundo aberto às transformações, onde os “natais” trazem a esperança de novidade e renovação. Mas o principal fator na realidade encontra-se na afirmação de habitar um mundo, pelo qual tornam-se responsáveis. Cada nascimento é uma chance que cada indivíduo possui de aprender a amar o mundo que compartilha com outros indivíduos já nele presentes, responsabilizando-se por esse, ao agir em plural para o fim último da política: a manutenção e perpetuação da dignidade da liberdade e a possibilidade de sempre realizar algo novo que seja visando sempre a vida e não a morte da política, como fim para a liberdade humana.

*Arendt, H. A Condição Humana. Trad. Roberto Raposo e Adriano Correia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.   

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Por Rogério Luís da Rocha Seixas  –  rogeriosrjb@gmail.com

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