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Refazendo o Mundo

A arte em tempos pandêmicos

A arte nos desafia a buscar vivermos em um mundo digno, nos levando à recusa contra as barreiras da previsibilidade e da imobilidade

Colunistas  –  17/07/2021 18:28

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(Foto Ilustrativa)

A grandeza humana se encontra em sua capacidade de criar sentido para a vida 

 

Soa como estranho o título desta nova exposição de ideias. Afinal, pode-se questionar a ligação entre arte e revolta com o momento de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que experimentamos. Entretanto, gostaria de ressaltar o valor e a importância da arte que carrega a exigência de determinar forma ao que se considera impossível, realizando o imprevisto, a despeito de qualquer realidade que se demonstre esmagadora, como no caso da pandemia e suas consequências.

Em tempos pandêmicos, por mais esforço que façamos, há sempre o ceticismo quanto ao futuro, pois nesta situação o que está por vir aparenta insegurança, medo e ausência de perspectiva. Ora, a arte deve expressar exatamente a ruptura com tal visão. Devemos nos tornar “artistas de nossas vidas”, refazendo o mundo ou ousando refazê-lo por nossa iniciativa. Temos a necessidade de assim como conceber uma obra de arte, seja na escrita, escultura ou pintura, construir novas formas estéticas de arte de viver. Como destaca o autor *Albert Camus: “Como toda obra de arte, a vida exige que se pense nela”. (2018)

Significa dizer que para além e paralelamente ao pensar, mesmo em tempos pandêmicos, somos desafiados a nos atrevermos a criar no momento presente novos modos de afirmar as nossas existências.

A arte nos desafia a buscar vivermos em um mundo digno, nos levando à recusa contra as barreiras da previsibilidade e da imobilidade. Exatamente neste sentido de criação artística e considerando a construção de nossas existências, enquanto obras de arte, localiza-se a possibilidade de criarmos uma sociedade mais justa e solidária, no agora da pandemia, visando um modo de viver menos mercadológico, utilitarista e egóico. Mediocremente estético. Essa empreitada expressa a percepção de que a grandeza humana se encontra em sua capacidade de criar sentido para a vida. Citando mais uma vez **Camus: “Por que criar se não for para dar sentido ao sofrimento, nem que seja para dizer que ele é inadmissível”. (1998)

*Camus, Albert. A Morte Feliz. São Paulo: Editora Record, 2018.

**Camus, Albert.  Ensaio O Artista na prisão. Falaize, editor, 1952.  

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Por Rogério Luís da Rocha Seixas  –  rogeriosrjb@gmail.com

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