(Fotos: Divulgação)
VR Antiga é uma viagem ao passado da maior cidade do Sul do Estado do Rio de Janeiro
Uma cidade sem memória é uma cidade sem história. Quase todos os lugares do mundo mudaram e seguem em constantes mudanças com o passar dos anos. Pequenas e grandes cidades avançam no tempo e geram grandes transformações na paisagem urbana. Volta Redonda começou seu ciclo de industrialização em 1941, sendo escolhida como local para instalação da CSN. A partir disso, a cidade foi se desenvolvendo em torno da Companhia Siderúrgica Nacional, ganhando novos bairros, tornando-se mais tarde a maior cidade do Sul do Estado do Rio de Janeiro. O imaginário urbano de Volta Redonda está presente em acervos históricos e fotográficos. Uma cidade que pode ser revisitada através de registros antigos e raros. O projeto online VR Antiga é atualmente uma das mais acessíveis e importantes ferramentas para revisitar o passado do município.
Volta Redonda Antiga surgiu a partir da ideia de trazer lembranças de uma cidade do passado para os dias atuais. O arquiteto e diretor de informações do IPPU (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano), Luiz Eduardo Figueiredo, criou o vrantiga.com. O site é um compilado de informações, vídeos e fotografias preciosas e raras da Cidade do Aço.
De acordo com Luiz Eduardo, a ideia para o desenvolvimento do site e dos perfis em redes sociais do VR Antiga surgiu devido às páginas Niterói Antigo e Rio Antigo. Atualmente, o perfil Rio Antigo conta com mais de 170 mil seguidores no Instagram. É uma organização não governamental, que busca redescobrir a história do Rio, resgatando memórias visuais e afetivas da capital.
- Na realidade, vi a ideia das páginas crescendo e atingindo objetivos de resgate histórico incríveis. Foi o que me inspirou a criar primeiro uma página do Facebook com esse intuito para a nossa cidade - relata o arquiteto.
Parte da construção do acervo online do site só foi possível graças à colaboração da população local.
- No início conseguimos um conjunto de imagens que digitalizamos do acervo pessoal do avô da minha esposa, Wilson Oliveira, que foi diretor do Clube Foto-filatélico de Volta Redonda, na década de 60. Após isso, muitas pessoas nos enviaram arquivos e imagens diversas - explica Luiz Eduardo.
Novas fotografias e informações sobre Volta Redonda estão sendo organizadas e futuramente serão publicadas no acervo do site. Um trabalho minucioso e de grande relevância para preservação da memória da cidade.
Segundo Luiz Eduardo, há fotos que ainda estão recolhendo informações para divulgar.
- No ano de 2019, criamos o Grupo Volta Redonda Antiga no Facebook, com mais de 30 mil pessoas, apaixonados e entusiastas da história de Volta Redonda, onde conseguimos os mais diversos arquivos e informações.
Fomento e conscientização
Com relação ao fomento do poder público e a conscientização da população local sobre a importância da preservação da memória histórica da cidade, o funcionário e diretor de informações do IPPU traça um panorama sobre a situação.
- Não existe atenção e nem fomento para esse fim, o único local que ainda existe um cuidado com o patrimônio histórico do município é o Departamento de Informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Volta Redonda. Os patrimônios históricos do município sempre foram uma "pedra no sapato" do poder público, mas não é culpa da prefeitura nem dos demais órgãos, e sim de uma legislação ultrapassada que "amarra" os patrimônios históricos de forma que impede qualquer iniciativa de manutenção de restauro, ou de utilização do bem tombado.
As redes sociais têm um grande papel como instrumento de conscientização sobre a memória viva das cidades. Pulverizar informações e fortalecer a cadeia de informações sobre o passado é o alicerce para as novas gerações.
- As redes sociais são muito importantes nesse ponto, fazem com que surjam iniciativas próprias de cada cidadão na divulgação. Mas ainda acredito que a nossa história deve ser conhecida através da educação. Volta Redonda é um município relativamente novo, muitos que viram a emancipação ou até mesmo participaram da construção da CSN ainda estão vivos ou participaram de alguma forma dessa história.
Para Luiz Eduardo, a educação é um dos meios que devem ser explorado para a tomada de consciência sobre a relação das pessoas com a cidade em que vivem. Resguardar o passado é entender o presente e projetar melhor o futuro.
- Seria importante resgatar essas pessoas como fundadores da cidade, trazer para as escolas. É importante também a criação de setores ou grupos de pesquisa nas instituições de ensino, para atuarem em pesquisa, pois sabemos que ainda existem muitas coisas antes da vinda da usina que se perderam na história.
O acesso irrestrito à informação, à memória e à história é essencial para valorização e preservação documental do passado. Não há futuro promissor quando se apaga o passado!