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Crônicas de Humor e Entrevistas Poéticas

Isabel Furini

isabelfurini@hotmail.com

Sociedade Atual

Tribos urbanas (1)

A tribo dos escritores

Colunistas  –  07/11/2021 11:50

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(Foto Ilustrativa)

No estandarte dessa tribo podemos ver um pavão; o pavão gosta de mostrar sua cauda irisada e os escritores - sejam contistas, poetas, romancistas, cronistas e outros - estão sempre tentando dar destaque a seus trabalhos

 

A sociedade atual comporta várias tribos. Algumas são humanitárias, outras fanáticas, outras guerreiras. Hoje quero falar de uma das mais interessantes tribos conhecidas. Não vestem de preto como os góticos, não ficam carecas como os skinheads, não pintam os cabelos como os punks... Porém, destacam-se por estarem sempre armados. Os mais conservadores só usam lápis ou canetas. Os de avançada utilizam notebook e internet. Estou falando da tribo dos escritores. Essa tribo urbana, cujo crescimento exagerado está chamando a atenção dos sociólogos, está sempre em pé de guerra. Nenhum escritor suporta outro escritor. 

Diversos tipos compõem essa tribo: bipolares, sonhadores, paranoicos, alcoólatras, obsessivos,  compulsivos, gênios ignorados, vampiros, lobisomens e alguns canibais ainda não identificados. E se alguém normal entra na tribo é considerado intruso. 

No estandarte dessa tribo podemos ver um pavão. O pavão gosta de mostrar sua cauda irisada e os escritores - sejam contistas, poetas, romancistas, cronistas e outros - estão sempre tentando dar destaque a seus trabalhos. Nas festas de aniversários, casamento e até em velórios, só falam do que acabaram de escrever. Se participam de um concurso e não são vencedores, esbravejam:

- Meu trabalho era o melhor. E eu não ganhei nem uma Menção Honrosa?!!! 

A vaidade é a marca registrada da tribo.  E se um colega se destaca? Então é guerra!.. O escritor pega facas, adagas, espingarda ou metralhadora, o que tiver a seu alcance, e parte para a luta.

Começa sorrateiramente. Primeiro procura criar dúvidas sobre a capacidade do outro escritor. Ah! Nem vale a pena ler. Seus textos são tão superficiais! Essa crônica é tão singela. E se o inimigo começa a ser reconhecido, o invejoso afirma frases como esta: “Ele está vendendo bem, mas não é bom escritor, não. É produto da mídia”.

O problema é que ninguém escolhe ser escritor. Escrever ou é fase - como acne em adolescente - ou é destino. E se é seu destino, meu amigo, desculpe dizer isto, mas você está literalmente ferrado. Escritor precisa de aplausos, de reconhecimento... Por quê? Porque o escritor se expõe. Sempre! E sente medo. Sempre!

Coitado do escritor! Quando ignorado, sofre. Proclama sua genialidade em público, mas na solidão surge a dúvida. E se não for capaz criar uma verdadeira obra de arte?

Reconhecido pela crítica sabe que não pode errar.  Escritor que erra é castigado com o chicote de Átila, o Huno. E quem não tem medo do chicote de Átila? E o chicote não é só propriedade da tribo dos críticos, não! É também utilizado com destreza por parentes, amigos duvidosos, vizinhos, colegas de trabalho e outras pessoas que não suportam o êxito alheio e estão sempre esperando o momento oportuno para dar uma chicoteada (ou um pé na bunda) no escritor que tem a coragem de mostrar sua obra.

Então se o destino colocou você na tribo dos escritores... Fazer o quê? Coragem, meu amigo, coragem! 

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Por Isabel Furini  –  isabelfurini@hotmail.com

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