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Crônicas de Humor e Entrevistas Poéticas

Isabel Furini

isabelfurini@hotmail.com

Sociedade Atual

Tribos urbanas (2)

A tribo dos poetas

Colunistas  –  02/12/2021 09:56

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(Foto Ilustrativa)

 

Conhecendo essa tribo, atrevo-me a dizer: Não existe morro que não se compare com o Himalaia, nem poeta que não acredite ter talento

 

Uma das tribos urbanas mais chamativas é a tribo dos poetas. É uma tribo composta, em sua maioria, por vaidosos compulsivos, mas também batalham em suas fileiras solitários, depressivos, tímidos, neuróticos, duendes, gnomos, silfos e outros casos menos estudados.

Conhecendo a tribo, atrevo-me a dizer: Não existe morro que não se compare com o Himalaia, nem poeta que não acredite ter talento. Alguns casos são dignos de menção. Como aquela reunião de comerciários... Alguém mais quer falar? Perguntou um dos organizadores. Uma mulher levantou-se. Era poeta. Avançou entre as mesas com o nariz empinado. Há dois anos me dera seu livro dizendo: Seja honesta, professora. E eu fui honesta - eu sou tão ingênua!.. Ela não queria honestidade, não. Queria aplausos. Essa tarde pegou o microfone e leu um poema tão ruim... Mas tão ruim, que as flores que enfeitavam a mesa imediatamente murcharam.

Todos nós temos o direito de escrever. E direito de escrever poeminhas inconsequentes. Mas ficamos irritados com o poeta que escreve um poema pobre e mostra com orgulho sua obra. É de minha última colheita, esclarece.

Contudo, quando percebo a vaidade quebrada fico comovida. Por exemplo, se ao entrar numa livraria vejo um poeta lançando seu livro naquela solidão que dá para sentir... Imediatamente me aproximo, adquiro um exemplar e peço um autógrafo. Na realidade o faço para ganhar o Céu. Quando Deus perguntar o que você fez de bom no mundo? Eu responderei: Comprei dezenas de livros de poetas desesperados. E Deus dirá: Pode entrar no Sétimo Céu.

E uma vez aconteceu algo inusitado!.. Caminhava pela feirinha de artesanato, quando recebi um folheto. José Luiz de Carvalho estava lançando um livro de poemas, “O Sol do Sonho”. Eu nem conhecia o cara. Adquiri um livro para animá-lo. Cheguei em casa, abri o livro e li um poema... Tive desejos de gritar, de aplaudir!.. Li outro e outro... Eureka! Eureka! Um poeta de verdade!.. Três ou quatro poemas eu aconselharia rever, pois ninguém é perfeito, mas a maioria é simplesmente excelente!

E não é só ele, Paraná foi e é terra de grandes poetas, é só citar Leminski e Helena Kolody. Hoje conta com muitos poetas que produzem obras de qualidade, entre eles: Barbara Lia, Luci Collin, Alice Ruiz,  Ricardo Corona, Alexandre França, Adélia Wollner, Daniel Mauricio, Jussara Salazar, Flávia Quintanilha, Elciana Goedert, Nic Cardeal, Jéssica Iancoski, Etel Frota, Adriane Garcia, Célia Musilli, Geraldo Magela, Maria Teresa Freire e tantos outros.

Espero que as Parcas, essas velhas malvadas que tecem o destino dos homens, possam dar oportunidade ao poeta José Luiz Carvalho, para brilhar.

Manda brasa, Carvalho!.. 

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Por Isabel Furini  –  isabelfurini@hotmail.com

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