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Elenco de rostos novos e pouco conhecidos tem talento e faz o necessário para se garantir
"O negócio" é uma série brasileira que duas semanas após sua estreia ganhou sua segunda temporada, mostrando que atingiu em cheio as expectativas da HBO e de seus produtores. Seu primeiro episódio foi exibido em 18 de agosto de 2013 e teve uma audiência surpreendente, principalmente pelo fato de que a divulgação das séries brasileiras ainda deixa a desejar, embora o mercado de TV paga esteja em grande crescimento no Brasil. Por outro lado, a HBO investiu bastante em eventos de lançamento para a imprensa. Segundo dados oficiais de pesquisa feita pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, o crescimento do número de assinantes no terceiro trimestre de 2013 foi de 3,9%. Comparado ao mesmo período de 2012 o crescimento chega a 14,4%. Sem contar os "gatosnet", estima-se que tenhamos cerca de 18 milhões de pessoas com TV paga disponível em suas casas. Ainda assim, o telespectador brasileiro em sua maioria ainda está se ambientando no universo de seriados.
Mas voltando ao nosso negócio da coluna desta semana, a série tem um nome mais do que esclarecedor. "O negócio" nos leva ao mundo supostamente cheio de glamour de Karin (Rafaela Mandelli), Luna (Juliana Schalch) e Magali (Michelle Batista), três mulheres muito bonitas e bem cuidadas, que se juntam e resolvem mudar o rumo das coisas com o objetivo de, digamos, inovar e aumentar consideravelmente o faturamento de sua profissão. Quando se veem sem perspectivas de crescimento na carreira, elas dão de cara com uma luz no fim do túnel: se tudo que está no mercado tem uma estratégia de marketing por que não usar as mesmas técnicas para alavancar o mercado da prostituição? Sim, Karin, Luna e Magali são garotas de programa. Mas o diferencial delas é a ambição trabalhando junto com a inteligência. Com isso as meninas se tornam mulheres de negócio e dispensam o apoio estratégico dos famosos cafetões.
Alvo é o público masculino
E elas não brincam em serviço: entre as ações aplicadas estão Venda Casada, Reposicionamento de Marca, Fidelização e Focus Group. Elas se empenham pra valer para divulgar seu produto e conseguir clientes, por exemplo: oferecem descontos quando o índice da Bovespa cai, etc. Se você acha que isso lembra os princípios de outra série da HBO Brasil exibida em 2012, acertou em cheio. Em "Preamar", um rico empresário perde tudo e começa a aplicar seu conhecimento de estratégias de marketing e administração no negócio informal que rola nas praias do Rio de Janeiro. Coincidência? Bem, o tema de "O negócio" é altamente provocador e a HBO deixou claro no lançamento da série que o alvo é o público masculino interessado em dois temas básicos: negócios e prazeres. E de acordo com os produtores não há qualquer interesse em investir em conflitos, com exceção daqueles que resultam da aplicação de alguma ação de marketing. Ainda segundo eles também não há interesse em discutir as motivações das personagens, que se tornaram prostitutas por opção.
Criada por Luca Paiva Mello e Rodrigo Castilho e produzida pela Mixer, a série tem direção discutível de Michel Tikhomiroff, que escorrega na superficialidade da construção das cenas. O elenco de rostos novos e pouco conhecidos tem talento e faz o necessário para se garantir. Mas esse argumento de prender a atenção pela ideia de aplicar estratégias de marketing não colou muito, não. Na realidade, em minha opinião, "O negócio" deixa os telespectadores mais ligados nas estratégias de prostituição do que nas de marketing. E mais: a série ainda tem um ar vazio e cansativo no roteiro. De repente você está assistindo a um episódio e se pega mudando de canal sem perceber. Tem um ponto solto que espero que os produtores consigam sacar na segunda temporada, para que não caiam na armadilha de produzir um pornô soft, desses que se dá uma olhadinha por mera curiosidade e nada mais.
Tem que melhorar o produto oferecido
Observações à parte, "O negócio" não é ruim, mas tem que melhorar o produto oferecido. Agora é esperar pela segunda temporada que estreia em 24 de agosto. Foi divulgado que nos novos episódios, as garotas vão ter de encarar a competitividade do mercado. Karin, Luna e Magali vão descobrir que a ideia genial de criar sua marca de luxo já está sendo copiada. O grande trunfo da próxima temporada certamente será o pacote de estratégias que elas vão aplicar para vencer a concorrência.
Ao todo, a HBO Latin America já produziu oito séries brasileiras. "O negócio" é a quinta que consegue chegar na segunda temporada.