“D/Verso o Reverso (Algumas Rimas - Certos Acordes)”, livro de Guima Moremo, reúne em 90 páginas cem poemas e seis letras de músicas com partituras. A obra do cantor, compositor e ator, que morreu em abril deste ano, em decorrência de esclerose (doença degenerativa), sairá pela PoeArt Editora, uma homenagem da família, em especial da irmã do autor, Sueli Barbosa. Guima Moreno nasceu em Volta Redonda, no bairro Conforto.   

“Agradeço a todos que fizeram este sonho tornar-se realidade, e também àqueles que de alguma forma auxiliaram para que a qualidade de vida durante os momentos difíceis fossem amenizados”, destacou, durante o processo de edição do livro.

Prefácio escrito em 2017 pelo autor do livro

Prefácio não é fácil. Parece pedir que defina, fale sério, quando definição, falando sério, não é bem o braço-forte “dele”, que é mais procura de si do que clareza e solução. Quando encontra a rima sempre pinta um... Clima. Depois do clima a rima se confirma; “ele”, então, se confina e o que poderia ser poesia deixa de ser para ser uma outra coisa que não se define. Recluso, exila-se numa gaveta, vai para o fundo dela, depois ressurge propondo ser, ao ser relido, poesia novamente, com alguns remendos, acréscimo de novas tonalidades, anseios reticenciais e cores, só porque não quer ser mais o que tinha certeza que era: o Reverso.

Eis que então o balaio de escritos e transcritos decide, de uma vez por todas, revelar-se Reverso.

Reverso (nota ré da escala musical + verso) porque tem a intenção de transar com a música quase todo o tempo, esbarrando em expressões ouvidas nas canções populares, citando autores de clássicos inesquecíveis e algumas letras cifradas do seu autor, Guima Moreno, o autor “dele”, Reverso.

Ele é Reverso porque pretende não atender a suposta, imaginária, ordem formal do prefácio. Pretende dar “tratos à bola e sair por aí” falando de sentimentos vãos, pensamentos fora da ordem, desestruturas, descompassos. Ele é Reverso porque não tem trem de pouso mas plano de voo; não prevê a queda mas só mergulha se antevê a pista, mesmo sem saber onde ela começa e termina.

Um pouco sobre Guima Moreno

Cantor. Compositor. Ator. Aos 13 anos, fazendo parte do grupo Circuito dos Operários, começou a cantar em centros culturais de Volta Redonda. Dois anos depois, em 1965, compôs a primeira música. Em 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro, morou no bairro do Estácio, no Morro de São Carlos.

No ano de 1973, ganhou o prêmio de melhor intérprete na 1ª Mostra de Música Wakigawa. Nesse mesmo festival, classificou em 4º lugar uma composição de sua autoria. Dois anos depois, participou da 1ª Mostra de Música Estudantil da PUC-Rio. Em 1978, apresentou-se no Festival de Música de Niterói. Em 1982, fez temporada no bar Amigo Fritz e participou do Festival de Muriaé, com a música "Lua de inverno", de sua autoria. No ano seguinte, apresentou-se na TV Educativa do Rio de Janeiro, no programa "Sinal Aberto".

Juntamente com Leci Brandão, em 1984, participou do Projeto Vitrine, na Sala Funarte Sidney Miller, no Rio de Janeiro. No ano posterior, fez show no Mistura Fina e se apresentou no programa "Ciranda", na TVE, interpretando as composições "Nigérrima" e "Retina", ambas de sua autoria. No ano de 1992, pelo Projeto Arte Viva, fez show no Teatro Gonzaguinha e, no ano seguinte, temporada no Bar Botanic, na Lagoa.

No ano de 1997, lançou seu primeiro CD, "Confirmação do tempo", no qual interpretou 11 composições de sua autoria, entre elas, "Blues stars", "Velho samba", "Pele" (com Celso Rocha), "Terra grão" (com Juca Marques) e "Lobo de rua", além da faixa-título "Confirmação". Por essa época, participou do projeto Terças Demo, do Museu do Telefone, no Rio de Janeiro.

Em 1999, fez temporada no Merci Piano Bar, na Barra da Tijuca. No ano seguinte, participou do Projeto Novo Canto, tendo como madrinha artística a cantora Leny Andrade. Nesse mesmo ano, em show de encerramento deste projeto, apresentou-se ao lado de Vander Lee, Andréa Dutra, Patrícia Mello e Elisa Queirós, entre outros, em show no Canecão, no Rio de Janeiro.

Em 2003 foi um dos convidados de Sergio Natureza, diretor artístico do projeto Prêt-à-Porter, apresentando-se no Teatro Café Pequeno, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. No ano de 2005 interpretou "Sutilezas" (Rosa Passos e Sergio Natureza) no disco "Um pouco de mim - Sergio Natureza e amigos".

. Obras: Blues stars, Confirmação, De tantos blues, Do tempo, Indícios, Lobo de rua, Lua de inverno, Mulato do terceiro mundo Nigérrima, Pele (comCelso Rocha), Retina, Terra-grão (com Juca Marques) e Velho samba.
. Discografia: (2005) Um pouco de mim - Sergio Natureza e amigos • Selo SescRio.Som • CD (1997) Confirmação do tempo • Independente • CD 

Bibliografia

Albin, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
Amaral, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª edição Esteio Editora, 2010. 3ª edição EAS Editora, 2014.

Os livros que serão lançados pela PoeArt Editora no pós-pandemia

. VI Coletânea Viagem pela Escrita (Poesia);
. O Conflito I e II (Ficção e Poesia), de Luan Pascoal;
. Histórias de Criança (Infantil), de Denise Marques;
. X Coletânea Século XXI (Poesia);
. Canto a minha cidade - Volta Redonda (poesias e fotos);
. O tempo e o caos que somos (Ensaio), de Luciano Baptista Domingos;
. D/verso o Reverso (Poesia), de Guima Moreno - in memoriam;
. Canto a minha cidade - Barra Mansa (poesias e fotos);
. Vozes de Aço XXII. 

Boa leitura e até a próxima! 

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