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Vida em Crônicas e Muito Mais...

Rofa Rogério Araújo

rofa.escritor@gmail.com

Mudança Brusca

Ah, se eu voltasse a ser criança...

É preciso pesquisar, acompanhar e conversar muito com filhos, netos e alunos a respeito do que é melhor para eles

Colunistas  –  07/10/2023 19:07

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(Foto Ilustrativa)

As coisas são boas e ruins ao mesmo tempo, em todas as épocas da história; o que mais importa é como estão sendo absorvidas

 

Vivemos num mundo onde as coisas não andam, correm. Evoluem de tal forma que não acreditamos quando notamos que, de repente, tudo mudou. É preciso estar preparado sob a orientação de Deus para encarar as mudanças que ocorrem, sabendo como agir.

Uma das coisas que passou pela minha cabeça um dia desses foi como as brincadeiras e a educação das crianças de hoje são bem diferentes. Se numa época era preciso “criar” algo para se divertir com os colegas e ler livros e mais livros para encontrar algo sobre um tema do trabalho da escola, agora a situação é outra: os games eletrônicos ocupam todo o tempo (até mais do que deveriam) do lazer dos pequenos e a internet permite a facilidade de achar quase tudo que se deseja com um simples teclar e “navegar”.  

Assim, pensei comigo: “Como as brincadeiras e a educação das crianças de hoje são bem diferentes!”. Se numa época era preciso “criar” algo para se divertir com os colegas e ler livros e mais livros para encontrar algo sobre um tema do trabalho da escola, agora a situação é outra: os games eletrônicos ocupam todo o tempo (até mais do que deveria) do lazer dos pequenos e a internet permite a facilidade de achar quase tudo que se deseja com um simples teclar e “navegar”.

 “Ah, se eu voltasse a ser criança...”, pensei comigo. Mas do que brincaria? Como seriam os meus estudos, melhor ou pior? Talvez no aspecto da facilidade do acesso às informações seria muito melhor, mas nas brincadeiras a criatividade seria infinitamente pior, já que não é preciso nem “pensar”. Tudo está pronto e determinado.

O sábio rei Salomão disse em Provérbios 22.6: “Instruí o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não desviará dele”. Isso quer dizer que a criação dos pais e a instrução dada pelos professores podem representar o trilhar de um caminho bom ou ruim até a vida adulta, depende de como é feita. Tudo fica guardado na mente e coração ao longo de nossa vida, em especial nas fases em que o crescimento é maior, da infância à adolescência.

Existe um livro chamado “Quando Eu Voltar a Ser Criança”, do conhecido escritor polonês Janusz Korczak, que marcou profundamente a minha vida. Nele, o autor apresenta sua visão do relacionamento entre adultos e crianças, numa narrativa de “ficção psicológica” que suscita uma reflexão e nos leva a conclusões de validade permanente. Ele teve uma vida inteira de luta em favor da criança, em defesa dos seus direitos humanos. Deveria, por isso, ter o seu retrato em todas as escolas ou até um dia especial para comemorá-lo, pois assim as crianças saberiam quem ele foi. Até morrer por essa causa ele morreu, por não aceitar se separar das crianças.

O autor diz que alguns professores, ao passarem algum exercício em sala de aula, querem que a criança demore a aula inteira para fazê-lo e não termine logo, porque senão lá se vai o sossego deles. Quando para as crianças alguma coisa fracassa, logo falham outras também e não deveria ser assim. Uma “bronca” deveria seguir-se de um elogio, um carinho, para que a falta de confiança nela própria não a dominasse.

O medo e a vergonha são dois sentimentos que as crianças têm perante o professor e os colegas e que são terríveis para o processo de aprendizagem intelectual delas e por isso a pressão sobre elas em certas ocasiões pode deixá-las ruborizadas ou “vermelhas”, podendo causar-lhes danos irreparáveis.

Na aula, não basta ao aluno ficar sentado “quietinho”, como parece pensar alguns professores, mas é preciso escutar e saber o que está acontecendo (entendendo, é claro). O educador não deve interrogar um educando se esse estiver chateado, triste, mas tentar acalmá-lo, numa conversa franca.

Quando a criança faz algo errado nem sempre foi de propósito, como creem alguns. E no futuro quase sempre é considerada “suspeita” em outras ocasiões bem diversas em que estiver envolvida. Mas somente por um erro de ontem a pessoa deve ser taxada de “culpada” hoje? Claro que não!

As crianças, muitas vezes, trabalham inspiradas, só que os outros, ao invés de incentivarem, as atrapalham. A inspiração exige atenção, concentração e criatividade. E como alguém pode ter tudo isso se na hora H ela é chamada à atenção, com repressões que a perturbam? Assim nem um adulto conseguiria chegar ao auge do aprendizado, quanto mais (ou menos) a criança!

Mas voltando à ideia de “Ah, se eu voltasse a ser criança...”, muita gente se pergunta: No futuro, os brinquedos, o estudo e as diversões serão as mesmas de minha época? No tempo presente o que se vê é uma fábrica de sonhos, onde a tecnologia se move tão rápido que logo se torna ultrapassada amanhã, porém ela precisa ser usada como um meio e não um fim em si mesmo.

Por acaso você se lembra do que brincava em sua época? E como estudava? Pesquisei alguns recursos disponíveis para as crianças e adolescentes, desde o tempo atual até uns 70 anos atrás. É uma mudança tão brusca que chega chocar!

É preciso ter cuidado no trato com as questões e, acima de tudo, pesquisar, acompanhar e conversar muito com filhos, netos e alunos a respeito do que é melhor para eles. Afinal de contas, as coisas são boas e ruins ao mesmo tempo, em todas as épocas da história. O que mais importa é como estão sendo absorvidas. Por essas e outras que não é má ideia se imaginar como revivendo sua fase infantil. “Ah, se eu voltasse a ser criança...” 

 

Por Rofa Rogério Araújo  –  rofa.escritor@gmail.com

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